A juíza de direito, Melissa Sanches Silva da Rosa, titular da 2ª Vara da Comarca de Parintins, presidiu a união do primeiro casamento homoafetivo no município. Para o casal, o termo casamento tem significado de ?direitos iguais perante a lei, sem vínculos com a questão religiosa?. Franklin de Castro entende que o casamento para a religião é diferente.
Os dois são naturais do Estado do Ceará e estão em Parintins há mais de um ano. Franklin de Castro era professor e Valdir de Castro estudava direito na Universidade Federal do Ceará (UFC). Franklin de Castro passou no concurso público para professor de linguística no Centro de Estudos Superiores de Parintins (Cesp), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Ele considera ter sido difícil o momento de tomar a decisão de se mudar, porque o companheiro teve de abandonar o curso de direito na faculdade. Eles se conheceram no mosteiro da comunidade Nova Jerusalém em 2010. Valdir frequentava grupo de jovens e Franklin orientava monografia de duas freiras na área da filosofia.
Contrato Social
De acordo com Franklin de Castro, ?é mais do que uma união estável, é casamento com todos os direitos civis, de cidadãos brasileiros. O casamento é um contrato diante da lei. A gente tomou essa decisão por uma questão muito simples, pelo fato de pagarmos impostos, declaramos imposto de renda, fazermos viagens internacionais?.
Para ele, é uma forma de se resguardar, caso aconteça algo com um dos dois. ?Ele entra na declaração do imposto de renda e pode entrar em outro país como meu esposo. Se acontecer algo comigo, meu parceiro tem todos os direitos. Casamos em comunhão universal de bens?, frisa o professor.
Franklin de Castro acrescenta que independente da orientação sexual, ocorre de vários casais estarem juntos por muito tempo e quando há algum imprevisto, não existe oficialização, conforme a lei. ?A conquista maior é sermos reconhecidos pela lei. Não discutimos princípios religiosos?, acentua.
O casal destaca que a constituição do país é laica e não vem ao mérito discutir religião, devido ao respeito por todas as manifestações, inclusive na qual permite poligamia, mas nem por isso, se questiona. ?Não podemos confundir a união entre pessoas do mesmo sexo. A lei é uma coisa e religião é outra?, enfatizou. Valdir de Castro acredita que demorou muito para o primeiro casamento homoafetivo em Parintins.
O universitário avalia que pessoas do mesmo sexo casam-se em outros lugares, por conta da cidade ser muito religiosa. A propagação da notícia em si, causa muita polêmica e talvez as pessoas não tenham a coragem de assumir relacionamento. ?Acontece essa evasão de elas possivelmente casarem em outras cidades. Abrimos espaço para outros saírem do anonimato. Não há nenhum problema em ser homossexual, em se unir?, observa.
No entendimento do casal, o mais importante é o amor e o respeito ao próximo. A intenção não é criar polêmica ou sensacionalismo. Para eles, a única preocupação é estabilidade e felicidade. O casal poderia ter se casado no Ceará, mas escolheram se unir em Parintins, pela consideração com a cidade onde decidiram morar. Logo quando chegaram a Parintins fizeram a transferência do título de eleitor e construíram residência.
Gerlean Brasil/ Repórter Parintins
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