Como os alimentos chegam à mesa do consumidor parintinense?

Notícia do dia 15/09/2013 Com o alto índice de consumo na cidade a comercialização e a manipulação de alimentos está na mira da Vigilância Sanitária. Um exemplo claro dessa deficiência pode ser observado na feira do produtor rural instalada no prédio da Cooperativa Mista dos Juticultores de Parintins (Coopjuta). Lanchonetes, bancas de churrasco, bares, restaurantes, entre outros, se multiplicaram nos últimos anos em Parintins.

No período de menor movimento na feira, o REPÓRTER PARINTINS flagrou aves em cima de alimentos derivados do leite, protegidos com películas plásticas. Essas embalagens não são 100% imunes a bactérias transmitidas pelas fezes das aves, causadoras de doenças. Assim como na feira, em outros pontos da cidade, a farinha de mandioca, um dos principais produtos da mesa da população, além do preço elevado, fica exposta a contaminação por microorganismos.


Isso se verifica no ato da compra. O consumidor não dispensa o hábito de ?meter a mão? nos sacos abertos para pegar determinada quantidade e levar até à boca, com objetivo de saber qual produto tem melhor sabor. O problema não se restringe somente à tradicional farinha, mas aos demais produtos. Na maioria dos comércios alimentícios, no momento da preparação, constata-se ausências de luvas e tocas, requisitos essenciais à boa manipulação e garantia de qualidade.

Ambiente
Também deve ser levado em consideração o estado de conservação dos produtos. Outro ponto crítico em xeque é a situação das bancas de verduras existentes na beira das ruas. Devido à constante movimentação de veículos de pequeno e grande porte, a poeira sobe e cai sobre os produtos. Com o problema levantado pelo REPÓRTER PARINTINS, a Vigilância Sanitária vai colocar em prática ações de fiscalização e cobrar rigoroso cuidado com a higiene nos ambientes de comercialização de alimentos.

Entre fatores agravantes para a contaminação, Juliana Castro, chefe da Vigilância Sanitária, enumera a falta de a higiene, por exemplo: lavagem apropriada das mãos, utilização de depósitos para armazenar adequadamente os alimentos e manutenção sob refrigeração. ?Acreditamos que a população deve procurar sempre aquele estabelecimento onde há zelo com a higiene pessoal e no local de trabalho. Desde o início da nova gestão, trabalhamos com educação junto aos manipuladores. Nossa preocupação é com os produtos oferecidos para a população consumir?, afirma Juliana Castro.

Regularização
A Vigilância Sanitária tem intensificado inspeções aos comércios para verificar a licença sanitária. ?Muitos estabelecimentos pensam que somente com o alvará do Setor de Terras já estão regularizados. Só que o órgão mais competente para avaliar se eles seguem as normas, é a Vigilância Sanitária. Desenvolvemos um trabalho minucioso. Procuramos regular cada setor. No de alimentos, a gente fez ações educativas e fiscalizadoras para que o produto manipulado chegue de forma segura à população?, frisa.

Quando há falhas no preparo dos alimentos um dos problemas de saúde são infecções digestivas provocadas por bactérias como a salmonela, listada entre as mais conhecidas. A Vigilância Sanitária monitora mensalmente a entrada de pessoas com doenças diarréicas nos hospitais e não registrou indícios de surto. Para Juliana Castro, o aspecto seria até mesmo reflexo de ações preventivas executadas pela Vigilância Sanitária que prevê organização primeiramente dos açougues e feiras.


A ação é conjunta para organizar os serviços e oferecer produtos de qualidade. Em relação ao monitoramento da qualidade de alimentos servidos, os fiscais receberam recentemente capacitação de dois técnicos da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS). Segundo Juliano Castro, o trabalho agora visa programar o monitoramento de alguns produtos produzidos artesanalmente para o consumo em Parintins: farinha, açaí, polpas de frutas e doces.

O trabalho consiste em coletas de amostras, na qual o proprietário dos produtos deverá fornecer gratuitamente para encaminhamento ao Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen) em Manaus. Com o resultado das análises de cada produto, a Vigilância Sanitária comunicará o proprietário ou revendedor, e de acordo com Juliana Castro, é um ponto muito importante para esclarecer o que realmente é consumido em Parintins. 

Ela espera por em ação o projeto até o final de 2013. Ainda é feito o levantamento dos produtos a serem monitorados e a partir dos resultados das amostras, com possíveis contaminações por bactérias, a Vigilância vai checar a manipulação para saber se houve falhas e orientar sobre as adequações às normas de segurança alimentar. A estudante universitária Elcione Oliveira, 29, tem preocupação em procurar ambientes onde os alimentos são melhor manipulados.

Preocupação
?Com certeza pela preocupação com a qualidade dos alimentos temos que ter também preocupação com a higiene e observar como é tratado o alimento. Aqui em Parintins essa questão de alimentação é muito séria e não é tão fiscalizada. Nas feiras você não vê a fiscalização da higiene e de como são manipulados os alimentos?, avalia Elcione Oliveira. Feirante há quase 10 anos, Orizane Carneiro Fonseca, 39, diz que sempre se  preocupou com o manuseio dos produtos.

Conforme ela, não existe expositor para colocar as frutas e verduras. A saída é o isopor para conservação no gelo. Orizane Fonseca acentua que a Vigilância Sanitária orienta os feirantes. Os permissionários não investem em estrutura por conta do local não ser adequado. ?A gente faz aquilo que a gente pode. Quando chove, é mesmo que estarmos no meio da rua. Nós não temos local adequado?, acentua.

Com a implantação de uma feira padronizada, os comerciantes iriam cumprir todas as exigências e regras para garantir melhor qualidade dos produtos. No momento, eles alegam não ter condições, pois não adianta investir em melhorias estruturais se não há, pelo menos, segurança. Os feirantes se sentem abandonados. ?Só somos lembrados em época de eleição. Somos abandonados literalmente. Somos permissionários dessa área e enfrentamos muitas dificuldades?, desabafa um feirante, sem se identificar.

A Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento (Sempa) se organiza de maneira que possibilite logística de informação sobre o alimento que deve ser manipulado. O secretário de Produção e Abastecimento, Samarone Moura acredita que o problema maior existe quando há falta de informação ao produtor. ?Quando não se tem acompanhamento mais de perto e ele, na verdade, se sente sozinho?, evidencia.

Segundo o secretário, as ações envolvem uma grande esfera, tanto o corpo técnico da Sempa, quanto à equipe da Vigilância Sanitária. De acordo com Samarone Moura, já foi criada a logística e a Sempa vai entrar com os trabalhos de informações, folders e palestras sobre como proceder à manipulação de alimentos de forma correta, desde o período da produção na lavoura até a área da comercialização nas feiras e mercados de Parintins.

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