Ele resistiu a mais de 13 mil volts

Notícia do dia 19/08/2013 O eletricista Geraldo Cunha Farias, 38, resistiu a 13 mil e 800 volts ao fazer manutenção para restabelecimento de energia elétrica em uma chácara na estrada na comunidade Macurani. Era sábado, dia 2 de fevereiro deste ano, e havia chovido em Parintins por toda a manhã. No escritório da empresa Control, na usina da concessionária Eletrobrás Amazonas Energia, o eletricista aguardava serviço quando recebeu um chamado.

Acompanhado de outro eletricista da empresa, Geraldo Farias aguardou passar a chuva para atender a solicitação. Para chegar à chácara, a estrada era de chão batido e de difícil acesso. Percorreram a rede de energia até o local. ?Dei com a chave que provavelmente isolaria a área onde a gente ia executar o serviço. Abri ela. Depois de detectar que realmente não tinha energia na casa, abri o transformador?, conta o eletricista.

Posicionou a escada e colocou o sinto de segurança, além de luvas, para iniciar o trabalho. Ao subir, Geraldo Farias detectou ?cabas? dentro do poste. Ele então decidiu descer e improvisar um ?morrão?, junto com o parceiro de trabalho, para espantar os insetos, devido à ausência de equipamentos de combate a cabas. Após espantar as cabas, Geraldo Farias iria realizar teste no transformador para saber se estava queimado e qual era a causa da falta de energia.

Ao começar a desparafusar peças do transformador e verificar se existia má conexão, os insetos surpreenderam o eletricista. Geraldo Farias usou os braços para defender o rosto. Ao movimentar rápido atingiu a rede de média tensão. O eletricista recebeu uma descarga elétrica e desmaiou. ?Não me lembro dessa parte, dos detalhes de como fiquei. Só sei que quando voltei ao estado consciente, pegava fogo minha perna e saia fumaça do lado direito. Ardia meu pé e meu braço?, afirma.

Ainda suspenso na rede de média tensão, ele conseguia apenas abrir a mão, mas não tinha forças para levantar o braço direito. A boca sangrava, depois de ter cortado a língua. O colega de trabalho ficou com medo e não teve coragem de ajudar. Enquanto Geraldo Farias permaneceu pendurado, o colega pediu ajuda por telefone ao Corpo de Bombeiros. Segundo a vítima, o Corpo de Bombeiros não atendeu a solicitação, assim como as ambulâncias dos hospitais.

O resgate só aconteceu por intermédio de contato com o gerente da Amazonas Energia. Um socorrista civil foi quem atendeu a vítima que recebeu atendimento no Hospital Regional Jofre Cohen pouco menos das 14h. ?O socorrista fez uma cadeirinha e pendurou no cinto. Fui conduzido na carroceria de uma pick  up, em cima de um colchão. Quando eu cheguei ao hospital, a médica conversou comigo e me deu anestesia para cortar a perna da parte queimada provocado pela descarga elétrica?, lembra.

Geraldo Farias permaneceu internado por uma semana no Hospital Jofre Cohen e não houve necessidade de qualquer amputação de membros. Pouco mais de seis meses após o incidente, o eletricista faz tratamento de cicatrização da perna e fisioterapia. ?Passei mais de uma hora e meia a espera de socorro. Só tive apoio depois de eu entrar no hospital. A empresa não tem serviço de resgate. Estou afastado da empresa. De vez em quando tenho tremores e toda amanhã acordo com a boca amarga?, completa.

Gerlean Brasil
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