O modelo do carnaval parintinense precisa ser revisto pelos organizadores. Quinze anos depois da sua criação, o Carnailha chega a estagnação, não pela criatividade, aliás, isso tem de sobra, mas por falta de recursos para a preparação da brincadeira. Desde que foi instituído, em 2000, foram criados mais de dez blocos e a cada ano, novos grupos se habilitam para descer a Avenida do Samba. Todo ano muda o regulamento conforme as conveniências! Essas mudanças submetem o município a um colapso financeiro, mesmo porque a festa momesca não traz retorno monetário, é mais um evento sazonal no meio da floresta amazônica.
O segundo maior e importante componente turístico de Parintins precisa passar por uma avaliação urgente, a exemplo do que ocorreu com o festival folclórico que precisou de nova convenção e mudanças constantes no regulamento para se adequar ao novo contexto de indústria cultural.
A bolha estourou e o especialista para curar essa doença atende pelo nome de José Melo, governador do Estado do Amazonas que não tem manifestado interesse de custear as manifestações culturais nesse momento em que está mais interessado em sanar as dívidas do que fazê-las.
Uma década e meia e os mecanismos são os mesmos, todos correm para uma só direção, a prefeitura da cidade em busca de recursos. Não tem como a prefeitura arcar sozinha com os custos de uma festa que têm inúmeros problemas de ordem estrutural. No entanto, não se pode virar as costas, afinal, é um produto cultural que está no calendário turístico regional.
Todos assistem impacientes a essa bancarrota. A maioria dos dirigentes de blocos não quer arriscar contrair dívidas se o dinheiro não virá. Esse é um período em que artistas, pintores, compositores, costureiras, aderecistas, soldadores, escultores, coreógrafos, vendedores, mototaxistas, taxistas, tricicleiros, em fim, uma imensa cadeia produtiva ficará na inércia.
Sem dinheiro do Estado, maior patrocinador da festa, o carnaval de Parintins volta a ter os desfiles sem carros alegóricos. Quem sabe não seja o modelo a ser seguido, a exemplo da Bahia. Lá, só não vai atrás do trio-elétrico quem já morreu!
O carnaval de Parintins mistura um pouco do estilo Rio de Janeiro, modelo que utiliza carros alegóricos, proposta que encarece as apresentações. Entre ir para o Rio e vir para Parintins, os turistas preferem a primeira opção.
Parintins precisa oferecer não só a criatividade de seus artistas, mas novos programas turísticos opcionais. Para isso, a prefeitura ou mesmo a iniciativa privada precisa explorar as belezas naturais do município, como Valéria, Zé Açu, Uaicurapá, Tracajá, Mamuru, Caburi, Mocambo, Limão e Macuricanã, região com a maior concentração de lagos do Baixo Amazonas e fica distante poucos minutos da cidade.
Sigamos o exemplo do Boi Bumbá, produto genuinamente parintinense que serve de inspiração para outras cidades da Amazônia e até fora da região, como Minas Gerais e Santa Catarina que realizam festa nos moldes do festival de Parintins.
Por Neudson Corrêa
Jornalista e administrador de empresa