Para onde vai dinheiro da venda de couro?

Vereadores debatem sobre aplicação dos recursos arrecadados pelo matadouro

Para onde vai dinheiro da venda de couro? Foto: Divulgação Notícia do dia 19/04/2015

A falta de transparência na utilização do dinheiro oriundo da venda do couro produzido no Matadouro Frigorífero Municipal Osório Melo em Parintins levanta questionamentos de vereadores da situação. O assunto gerou amplo debate na Câmara Municipal de Parintins na sessão do dia 15 de abril. A empresa MasterCouros Comércio, Importação e Exportação Ltda, com sede em Castanhal, no Pará, ganhou o pregão para compra de couro do matadouro municipal. A informação foi publicada no Diário dos Municípios do Estado do Amazonas no dia 23 de março pelo gabinete do prefeito Alexandre da Carbrás.

 

A vencedora da licitação ofertou o valor unitário de R$ 83,60 (oitenta e três reais e sessenta centavos) para o item 1, e R$ 50,50 (cinquenta reais e cinquenta centavos) ao item 2, “comercialização dos couros de bovídeos do matadouro municipal”.
O vereador Mateus Assayag (PSDB) solicitou informações com relação aos recursos apurados pela venda do couro proveniente do abate de gado no matadouro e a conta onde se deposita a arrecadação mensal. “Nos últimos dois anos da atual gestão, nós temos algo em torno de R$ 1,5 milhão”, afirmou.

 

O parlamentar ressaltou ser muito dinheiro que poderia ser revertido em investimento no matadouro para, a partir daí, como por exemplo, ter Serviço de Inspeção Federal (SIF). “Era para ser investido na estrutura de graxaria, fábrica de farinha a partir do osso, reutilização de mocotó, cabeças e vísceras que ficam com matadores”, acrescentou.

 

Defesa
O presidente da Câmara, Everaldo Batista (PROS), ao sair em defesa do prefeito Alexandre da Carbrás, justificou que no passado era tudo terceirizado no matadouro, ninguém falava nada e ainda embolsavam R$ 35 mil. Após o discurso de Assayag, ele entrou em contato com o secretário de abastecimento, Samorone Moura, de quem obteve a informação que a arrecadação tem fins para manutenção do matadouro.

 


O vereador questionou qual o custo mensal para manter as máquinas para abater o gado, com melhores condições de higiene, e chegar ao consumidor com qualidade. “Isso é tudo industrializado, desde a matança até a refrigeração do gado. Tem todo um custo. O próprio matadouro se sustenta através do vale abate e da venda do couro. A oposição faz a crítica. É normal, é dever cobrar”, defendeu Batista.

Arrecadação
Estima-se que a arrecadação chega a mais de R$ 200 mil por mês. Com base nesse cálculo, Everaldo Batista indagou quanto se ganhou de recurso na administração anterior do município. “Isso em um mês. Imagine em oito anos. Quem ganhou o dinheiro e para onde foi? Nada prestava quando o prefeito recebeu. Estava realmente sucateado. Foi mais de R$ 1 milhão para voltar a funcionar”, concluiu.

 

Até 2012, último ano do segundo mandato da gestão de Bi Garcia, o matadouro registrava aproximadamente 2.500 abates de animais mensais. O diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Samorone Moura, mas que ainda responde pela pasta da produção, disse que não podia atender a reportagem, pois estava em reunião, e pediu para retornar mais tarde.

 

Gerlean Brasil
Especial Para Repórter Parintins

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