Parintins tem carência de médicos, com apenas 45 profissionais. Quem recorre ao sistema público de saúde na terra do boi-bumbá encara longas filas para ter acesso ao atendimento médico, tanto nos centros de saúde, quanto nos dois hospitais da cidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) determina que a quantidade de médicos seja uma proporção de um para cada mil habitantes. Logo, se o município de Parintins possui pouco mais de 110 mil habitantes, necessitaria de 110 profissionais.
Para o presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), o professor de saúde pública da Universidade do Estado do Amazonas, Victor Aquino, pela recomendação da OMS, Parintins precisa ter pelo menos 110 médicos em atividade. “O que a gente tem é menos da metade”. Esses médicos atuam na rede pública na estratégia do Programa Saúde da Família (PSF) com atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), na urgência e emergência nos dois hospitais.
Dentro desses 45 estão incluídos os especialistas cubanos do Programa Mais Médicos. “Só não está contabilizado médicos que só atendem por conta própria e não são da rede. Aí não entram no cálculo porque não atendem pelo SUS. Desses 45 médicos, não significam que tenham um emprego só, o que normalmente não ocorre. Normalmente tem mais de um vínculo, mais de um setor que atendem. Isso daí é um outro agravante no atendimento”, aponta Aquino.
Pelos atendimentos ao sistema público esses médicos são pagos com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), tanto pode vim pelo Secretaria de Estado da Saúde (Susam) ou Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Parintins necessita da contratação de mais médicos para atender a demanda tanto na atenção básica quanto na alta complexidade. Atualmente, de acordo com dados do Conselho municipal de Saúde, o índice é de 45 profissionais, porém, o número pode ser muito aquém do que indica a Semsa.
Situação crítica
Apesar da Semsa declarar publicamente que a saúde de Parintins se encontra as mil maravilhas, a pasta encara dificuldades financeiras e um dos problemas enfrentados é o surto de dengue na cidade, com 67 casos confirmados. Porém, ainda há outro agravante. O sistema não está preparado para diagnosticar de imediato a doença. Tudo porque envio material sanguíneo a Manaus dos casos de suspeita e aguarda por pelo menos 15 dias pelo resultado para poder cuidar dos pacientes. O município já tem condições de implantar laboratório especializado para análise desses casos e até leptospirose, uma doença silenciosa e despercebida na Ilha Tupinambarana.
A população reclama de mau atendimento nos hospitais, carência de médicos plantonistas para atender a demanda e até casos de negligencia. Outro problema é demora na marcação de exames médicos. Pacientes esperam, por exemplo, por cerca de três meses para conseguir fazer checkup na Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDI), com a qual existe convênio.
O município só tem já dois laboratórios disponíveis. O terceiro fechou no mês de fevereiro por falta de pagamento. A secretária de saúde, Rainez Rocha, com um ano a frente da pasta, tem se esforçado para manter qualidade de saúde na rede pública, mas revela crise financeira e que o município, por ser polo, atende ainda a demanda de outras cidades da região, com a justificativa de não receber recursos para esse serviço. No final de 2014, a prefeitura de Parintins licitou aproximadamente R$ 11 milhões em medicamentos.
Ainda segundo Rainez Rocha, no ano passado Parintins tinha quadro de 50 médicos. A secretária revelou deficiência do caixa da Semsa, com recursos atrasados desde o segundo semestre de 2014. O problema obriga a Semsa promover uma espécie de jogo de cintura na matemática para tentar suprir todas as necessidades. De R$ 27.132.352,81, em 2014, o orçamento em 2015 é de R$ 33.695.639,47 para ações em saúde, atenção básica, manutenção das unidades de saúde e ações da vigilância.
Gerlean Brasil
Especial Para Repórter Parintins