Alerta vermelho para os eventos climáticos extremos

Por: Marcellus Campêlo - 17/05/2024

Alerta vermelho para os eventos climáticos extremos Foto: Tiago Corrêa/UGPE

As chuvas intensas registradas no Rio Grande do Sul, pelo que atestam os meteorologistas, é resultado da presença de uma corrente intensa de vento na região (os “cavados”) e de um corredor de umidade se deslocando da Amazônia, formando nuvens de tempestade e potencializando a intensidade dos eventos que vêm ocorrendo. 

 

Têm relação direta com a onda de calor que se formou na região central do Brasil, com alta pressão atmosférica, causando a formação de ar seco e quente, o que acaba por bloquear a passagem das frentes frias para o norte do país. As frentes frias vêm da Argentina, entram na região Sul e dali não conseguem avançar, provocando chuvas contínuas. 

 

Outro aspecto importante que pesa nessa conta é que estamos sob a influência do fenômeno El Niño, responsável pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, contribuindo para que áreas de instabilidade fiquem sobre o estado. Além disso, não se pode descartar os efeitos das mudanças climáticas globais, uma vez que a atmosfera e os oceanos estão mais quentes, produzindo vapor adicional para a formação das chuvas.

 

Fato é que a catástrofe que atinge o Rio Grande do Sul causa comoção sobre todos nós, pelo sentimento de união que nos move e solidariedade às famílias atingidas, muitas convivendo com a dor da perda de entes queridos, muitas desabrigadas, enfrentando racionamento de água e de alimentos. Municípios totalmente destruídos, que precisarão ser reerguidos. 

 

O que ocorre no sul é um sinal de alerta vermelho, para que todos estejamos preparados e para que as ações mitigadoras dos efeitos climáticos sejam implantadas com muita urgência. Os eventos extremos, isso já foi dito e repetido exaustivamente, tendem a acontecer com mais frequência e intensidade em todo o mundo.

 

No Amazonas, o governador Wilson Lima vem se antecipando a esse quadro, já prevendo o que pode ocorrer durante o período de estiagem, que normalmente começa a partir de agosto e fica mais acentuado em outubro. A equipe do Governo do Estado está toda a postos e em sintonia para poder enfrentar o que está por vir. 

 

De acordo com os dados de monitoramento do estado, existe a possibilidade de uma seca tão ou mais severa do que a ocorrida em 2023, quando boa parte dos municípios entrou em situação de emergência. O Governo, então, já trabalha em um planejamento com esse foco, que possa minimizar os problemas que fatalmente iremos enfrentar.

 

A orientação do governador Wilson Lima a todas as secretarias e órgãos do estado de alguma forma envolvidos com a questão, é garantir que os efeitos da estiagem não afetem de forma significativa as pessoas, as atividades econômicas dos municípios e o meio ambiente. 

 

Conforme aponta a Defesa Civil, os estudos hidroclimatológicos indicam que está praticamente descartada a possibilidade de ter uma enchente esse ano. E isso preocupa, diz o órgão, na medida em que os rios não irão se recuperar o suficiente para no período da vazante ter condição que garanta a trafegabilidade das embarcações. Os níveis dos rios, em todas as calhas do Amazonas, estão abaixo do esperado para o período. 

 

O governador já vem trabalhando em cima dessa questão desde o início do ano, discutindo e pedindo apoio aos órgãos federais – ministérios de Portos e Aeroportos, Integração e Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e Mudança do Clima. 

 

O Governo do Amazonas também tem atuado junto aos setores da indústria e comércio, diretamente atingidos com as possíveis consequências de uma estiagem severa, trabalhando em propostas para mitigação dos problemas. Dentre elas, a dragagem dos rios e medidas para evitar o desabastecimento de combustíveis, comércios e comunicações nos municípios.

 

Ao mesmo tempo, estamos todos de olhos voltados ao Rio do Grande do Sul, e prontos para ajudar em todos os sentidos, numa corrente positiva para que cesse logo esse período de chuvas e o estado possa rapidamente, com a ajuda de recursos federais, se reerguer e retomar a sua caminhada de crescimento.   

 

Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de secretário da Unidade Gestora de Projetos Especiais – UGPE

Tags: