Família perde casa e vive em área de risco

Família perde casa e  vive em área de risco Foto: Igor de Souza Notícia do dia 30/03/2015

A família da autônoma Trícia Rossy, 43, vive um drama que já dura seis anos. Ela foi retirada da casa dela pelo governo estadual para reconstrução do muro de arrimo, porém a obra ainda não foi realizada e nem a indenização foi dada aos moradores removidos daquele local. Ela move uma ação contra o Estado e, após todo esse tempo, aguarda a primeira audiência do caso. Trícia e o marido Renato Rossy moram no local há 29 anos. Eles têm três filhos e são proprietários de uma marina. Hoje, casa e emprego são no mesmo local, na Rua Portugal, Santa Clara. O lugar é ameaçado de desabamento devido a força da correnteza do rio Amazonas.


A primeira casa da autônoma, localizada à margem do rio, foi interditada, em setembro de 2009, pela Defesa Civil do Estado para que as obras do muro de arrimo fossem executadas. Trícia lembra que recebeu visita do então governador Eduardo Braga e representantes da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Seinfra, que afirmaram que os moradores do local seriam indenizados.


Dois dias após o anúncio do projeto, máquinas e homens começaram a chegar no local e o que parecia início de uma obra se tornou o começo de um tormento que já se arrasta há seis anos. A família de Trícia teve que se mudar e morou em casa alugada até decidir ir para o terreno enfrente à antiga casa onde funciona até hoje a marina e a residência. A família Rossy teve que improvisar residência num antigo escritório da empresa e hoje partes da casa se confundem com locais de trabalho. Porém, Trícia afirma que os negócios não foram comprometidos com a mudança.

A obra
O dilema começou em setembro de 2009 quando as obras apenas tiveram um pequeno fôlego e não tiveram continuidade. Um serviço alternativo de rip-rap foi executado, mas não foi suficiente para conter o fenômeno natural e a erosão continuava. Com o passar dos dias os trabalhos foram paralisados e esquecidos pelo poder público.


De janeiro a fevereiro de 2010 aconteceu um novo suspiro e a obra tinha um novo momento. Funcionários da Seinfra visitaram o local e fizeram nova avaliação da área e elaboraram outro parecer, que não foi apresentado. Em abril do mesmo ano a família de Trícia teve que sair definitivamente da casa e a preocupação com moradia e rotina da família começava mais uma vez, porém, novamente a obra não foi concluída. Em 2011 e 2012 não aconteceram grandes modificações. Ela lembra que a área recebeu visita de técnicos “umas três vezes no ano”. Segundo ela, tiraram fotos, avaliaram, mas nada foi feito.


Uma nova onda de trabalho surgiu em 2013 quando o governo anunciou novo pacote de obras e, dentre as ações, a reconstrução do muro de arrimo aparecia no projeto. Aconteceram novos contatos com o poder público e novas promessas de melhorias e indenizações também foram dadas aos moradores do local.


Em busca de direitos
Trícia move ação contra o Estado no Ministério Público e cobra providências para a continuidade da obra e repasse da indenização às famílias envolvidas no caso. Um laudo preliminar apresentado a ela apontava um valor de aproximadamente R$ 1 milhão, que seria distribuído para sete famílias que possuem terreno naquela área da Santa Clara.


A audiência ainda não tem data marcada, mas está prevista para este mês. “No momento a gente está aguardando o pagamento da nossa indenização. Como nós entramos na justiça, estamos esperando a audiência”, disse. Esta semana a secretária da Seinfra, Waldívia Alencar, manteve contato com as pessoas que buscam indenização e, segundo a moradora, a representante do governo “se mostrou interessada em resolver essa situação ainda esse ano”. Porém, não informou sobre a execução da obra de reconstrução do muro de arrimo.


Os moradores do local pedem segurança, uma vez que a falta do muro de proteção coloca em risco as pessoas que circulam naquela área. A marina de Trícia recebe, diariamente, cerca de 150 pessoas e ainda existem outras duas marinas naquele trecho. A rua Portugal também dá acesso ao matadouro público municipal que, além de funcionários e clientes, possui máquinas pesadas como caminhão, o que agrava a situação. Na vazante do rio aquela área serve de porto para várias embarcações e isso atrai também mais veículos pesados.

 

Eldiney Alcântara
Especial Para Repórter Parintins

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