Vozes Silenciadas: pessoas desaparecidas em Parintins farão parte de documentário

A iniciativa, que mobiliza gestores, professores e alunos, reúne histórias de pessoas que sumiram na cidade e até os dias atuais não se tem nenhuma informação

Vozes Silenciadas: pessoas desaparecidas em Parintins farão parte de documentário Foto: Divulgação Notícia do dia 20/07/2022

Na tentativa de dar mais visibilidade ao drama de famílias com parentes desaparecidos, o Colégio Batista de Parintins realiza o projeto "Vozes Silenciadas: um documentário sobre os desaparecidos parintinenses". A iniciativa, que mobiliza gestores, professores e alunos, reúne histórias de pessoas que sumiram na cidade e até os dias atuais não se tem nehuma informação.

 

Segundo o coordenador o projeto, professor Pablo Santos, a ação alia a iniciativa social e humanitária ao estudo da disciplina de Língua Portuguesa como instrumento de reflexão e dialogismo em torno dos casos de desaparecimento de pessoas no município de Parintins. O projeto agrega bolsistas do Programa Ciência na Escola, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa na Amazônia (FAPEAM).

 

A coordenação do projeto faz uma busca na cidade com intuito de identificar as famílias com parentes desaparecidos. Um documentário contando a história de todas as pessoas identificadas será produzido e, além da formação do conteúdo, ajudará na divulgação dos casos. A intenção é apresentar os resultados do trabalho em Audiência Pública na Câmara Municipal de Parintins, bem como contar com apoio de autoridades políticas, polícias e jurídicas.

 

"A ideia é atingir o maior número de pessoas possíveis, porque se trata de um projeto que visa acionar a sociedade, alertar a sociedade para se prevenir e também para discutir o porquê de não se conseguir resultados mediante as pesquisas, mediante as investigação. Os familiares das vítimas que desapareceram até hoje fazem as mesmas perguntas: quando? Onde? porquê? o que? onde que está? será que está vivo? está morto? Ninguém sabe. E tendem a relutar os mesmos sentimentos, as mesmas agonias de não terem respostas", explica o professor.

 

O projeto busca informações de famílias que vivem esse triste drama de desaparecimento. Um dos casos mais conhecidos de Parintins que será abordado pelo estudo é o Caso Katlen Pinheiro. A menina de 8 anos que desapareceu no dia 27 de março de 2003. A família nunca teve informações sobre o paradeiro dela. Esse ano, Katlen estaria/está com 27 anos e até hoje a mãe dela, Cristiane Pinheiro, procura por ela.

 

"Há muitos anos acontece no município de Parintins.  Casos de desaparecimentos. Ninguém sabe, ninguém viu. Há muitos anos vem acontecendo esses casos. Mas, não é só a Ketlen, são inúmeras casos de desaparecido no município e a gente não tem nenhuma resposta. Então, pedimos encarecidamente para os poderes legislativo e executivo, judiciário e a população que abracem essa causa para não abraçar essa dor, porque, gente, não é fácil a gente viver numa situação dessa. Eu como mãe, é muito difícil para mim não saber aonde minha filha está, o que aconteceu com ela, se minha filha está bem ou não, se a minha filha hoje já foi alimentada ou não, a gente não sabe. Então, se passa um filme na minha cabeça. Minha filha era só uma criança. É uma busca incansável que a gente não tem resposta até hoje. São dezenove anos que eu procuro a minha filha", conta emocionada a mãe de Katlen.

 

Famílias que tem algum parente desaparecido podem procurar o Colégio Batista de Parintins (falar o professor Pablo dos Santos) para fazerem parte do projeto e ganharem mais um canal de busca do ente querido. Quem tiver informações sobre qualquer caso de desaparecimento em Parintins também pode entrar em contato pelo fone (92) 99154-9180.

 

Eldiney Alcântara

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