Botes de lanchas, utilizados no transporte emergencial de pacientes da zona rural aos hospitais do município, estão empilhados em diversos depósitos na cidade ou estaleiros a espera de reforma para entrarem em funcionamento. Um ex-funcionário público, que era lotado na Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), denunciou a situação de abandono da ambulancha da região do Mocambo do Arari em publicação na rede social. “Isso é um pequeno exemplo de como está a saúde na zona rural e em Parintins. Ambulancha, que até pouco tempo estava em ótimo funcionamento, agora se encontra sucateada. Aqui em Parintins sofremos com a falta de médicos, falta de remédio. Agora eu pergunto, cadê nossos vereadores que se dizem fiscais do povo? Cadê o Conselho Municipal de Saúde?”, questionou Arcângelo Maciel.
Na mesma postagem, o ex-secretário da Semsa de Parintins, Josimar Marinho, disparou duras críticas. “Meu amigo Arcangelo, hoje estou como secretário de saúde do município de Iranduba. Na reunião dos secretários vou pedir para que uma comissão possa verificar essas situações porque todos esses bens são recursos federais e estaduais. Vamos começar a lutar. Não podemos cruzar os braços cruzados”, disse.
Josimar Marinho foi secretário de saúde no segundo mandato da administração de Bi Garcia, de 2008 a 2012. Em 2011, o Ministério Público iniciou investigação sobre a aplicação dos recursos da Semsa. Na rede social, Pironcy Godinho enfatizou que duas ambulanchas estão em um terreno no bairro Santa Clara, assim como Kombis e ambulâncias em uma oficina no final da rua 4, no bairro Itaúna II, próxima a Lagoa Azul.
De acordo com a secretária de saúde, Rainez Rocha, ao contrário das declarações, de todo patrimônio recebido pela administração municipal em janeiro de 2013, 80% estavam sucateados. “Veículos para trânsito na área urbana e rural. Foi tomada a iniciativa de recolher alguns botes que não estavam mais em condições de tráfego para fazer reforma”, explicou.
No entanto, segundo Rainez Rocha, a Semsa não dispõe de recurso específico para reforma de botes e de lanchas. “Então, fazemos conforme a possibilidade de recursos. Já reformamos a lancha da área do Tracajá, do Caburi. Diferente do que dizem, a lancha do Mocambo não está há seis meses ‘jogada’ porque mandamos reformar desde o estufamento até os maquinários”, pontuou.
Providência
A secretária garante também que os botes dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) na zona rural vão ser reformados com soldagem da parte metálica e pintura. “Já devolvemos 18 botes para as comunidades e ainda temos cerca de 10 para devolver. A lancha da Vila Amazônia recebemos totalmente sucateada, sem motor, sem manete, quebrada, furada. Encontra-se no pátio da Semsa e providenciamos a manutenção”, assegurou.
Rainez Rocha esclarece que o planejamento da Semsa é até o fim do mês de janeiro e vai colocar os equipamentos em reforma. “Nenhuma área de Parintins está descoberta de assistência de ambulancha. Não perdemos pacientes nem deixamos a ermo. Nós não causamos o problema. Recebemos uma secretaria falida financeiramente, sem sequer relação de patrimônio, para se saber o grau de responsabilidade em uma transição administrativa”, acrescenta.
A secretária declarou que a administração teve de fazer levantamento dos equipamentos da Semsa. “A secretaria estava comprometida em estrutura física e funcionamento. Sabemos que muita coisa precisa ser melhorada. Ninguém consegue modificar as coisas da noite para o dia, ainda mais quando se depende de recursos. Parintins está impedido de firmar convênios na própria área da saúde não por irregularidades dessa administração”, ponderou.
O mapa de atendimento das ambulanchas no município é constituído por transporte em pleno funcionamento na região do rio Tracajá, Uaicurapá, Área Indígena Sateré-Mawé, Zé Açu, responsável pela assistência a Vila Amazônia, Caburi e Mocambo do Arari. A Semsa informou que três ambulanchas ficam na cidade para atender a região da Costa do Amazonas.
Gerlean Brasil
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