João Baptista Herkenhoff *
Os livros de memórias são, com frequência, livros de memórias pessoais.
Não me vejo com titulo e história de vida para escrever um livro dentro destes padrões.
Assim, as memórias, que pretendo reunir e publicar, não são apenas memórias pessoais.
São memórias de um tempo, memórias de lutas, memórias de instituições, memórias de centenas de pessoas, memórias de cidades.
Em primeiro lugar, são memórias de um tempo do qual fui participante: o tempo que começa com o Brasil que se redemocratiza em 1946, o Brasil que mergulha na ditadura em 1964 e que recupera a liberdade a partir da conquista da Anistia em 1979.
Depois, memórias de lutas que minha geração travou tentando democratizar o país a partir de 1946, resistindo ao arbítrio a partir de 1964, recuperando a esperança em 1979 e construindo o futuro até este momento que estamos vivendo.
Estarão condensadas, no projetado livro – memórias de instituições, órgãos e entidades da sociedade civil das quais participei, junto com inúmeros companheiros, ou com as quais colaborei.
Ainda serão registradas memórias de pessoas – companheiros de caminhada e de sonho, ou pessoas que estiveram, de alguma forma, direta ou indiretamente, em meu caminho.
Serão nominalmente citadas nas memórias 895 pessoas, abrangendo nomes do círculo familiar, figuras locais (Espírito Santo), nacionais e do mundo.
Finalmente estarão no livro as memórias de muitas cidades:
memórias das cidades onde vivi e atuei, desde Cachoeiro de Itapemirim, cidade onde nasci, até Vitória, capital de meu Estado e tribuna principal de meu trabalho. Mas memórias também das cidades do meu Estado por onde passei como Juiz (dezesseis comarcas) e onde fui professor;
memórias de cidades brasileiras onde morei por algum tempo ou onde estive dando cursos, proferindo palestras, participando de congressos (falei em todos os Estados da Federação, exceto Tocantins e Amapá);
memórias de cidades do mundo, onde vivi, ou falei, ou de alguma forma deixei idéias, colhi idéias.
Estas memórias começam com a história de uma doença e respectiva cura, abrem-se depois para um relato cronológico e prosseguem com lembranças que se agrupam em temas.
Tenho a esperança de que o registro de tantas experiências, além de constituir uma leitura interessante, possa servir de encorajamento ou de pista para que cada leitor construa ou rememore sua própria biografia.
Espero poder publicar em livro estas memórias.
O registro, através desta mensagem, é apenas um ensaio.
* Juiz de Direito aposentado (ES) e escritor
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