Câmara instala comissão para analisar propostas que transformam Bolsa Família em política de Estado

Matérias fazem parte da Agenda para o Desenvolvimento Social, lançada no mês passado

Câmara instala comissão para analisar propostas que transformam Bolsa Família em política de Estado Foto: J. Batista / Câmara dos Deputados Notícia do dia 17/12/2019

A Câmara dos Deputados instala, em instantes, a comissão que vai analisar, aperfeiçoar, ampliar e viabilizar a aprovação do Projeto de Lei (PL) 6072/19 e da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 200/19, que tratam do programa Bolsa Família. O objetivo é tornar o benefício uma política de Estado, não mais de governo.

 

A comissão faz parte do pacote de proposições da Agenda para o Desenvolvimento Social da Câmara. Os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP), Felipe Rigoni (PSB-ES), João Campos (Republicanos-GO), Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), Raul Henry (MDB-PE) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), porta-voz pelo Senado da Agenda, construíram um pacote de medidas na área social nos últimos meses, com o apoio de mais de 15 especialistas em cinco áreas.

 

A implantação da comissão é considerada urgente porque os avanços na economia, ainda que incipientes, não reduziram a desigualdade, tampouco tiraram as pessoas da extrema pobreza. "A instauração da comissão do Bolsa Família é uma vitória da Câmara. Dos 25 partidos presentes na Casa, líderes de 23 deles entraram como coautores das propostas. Esperamos juntos ampliar o Bolsa Família para 3,2 milhões de crianças que hoje estão desassistidas," disse a deputada Tabata Amaral. O foco seria nos primeiros cinco anos de vida das crianças que vivem em situação de extrema pobreza, ação que representaria um custo de R$ 9,8 bilhões por ano.

 

Sobre as proposições
A PEC 200 acrescenta o inciso VI e parágrafo único ao art. 203 da Constituição Federal para assegurar a garantia de transferência de renda a unidades familiares em situação de pobreza e de extrema pobreza, tornando programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, uma política de Estado e não meramente de governo. A proposta garante também o crescimento real (acima da inflação) das transferências de renda a famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza.

 

Já o PL 6072 modifica a Lei nº 10.836/04, que criou o Bolsa Família, para assegurar a atualização monetária dos valores dos benefícios e dos valores referenciais para caracterização de situação de pobreza e de extrema pobreza, criar o benefício para a primeira infância, regulamentar o desligamento voluntário de famílias beneficiárias, tornando-o mais gradual, e garantir o retorno automático ao programa. Dessa forma, o Bolsa Família passará a beneficiar aproximadamente 9,8 milhões de crianças e garantirá que nenhuma família tenha renda per capita inferior a R$ 100 mensais.

 

Agenda de Desenvolvimento Social
A agenda é composta por cinco pilares: garantia de renda, inclusão produtiva, rede de proteção do trabalhador, água e saneamento, e governança e incentivos.

 

A crise econômica não afetou a concentração de renda na parcela mais rica da sociedade. Os indicadores de extrema pobreza estão piorando desde 2015. A retomada lenta da economia exige uma ação imediata do Estado para frear o impacto da crise entre os mais pobres. “Hoje, 40% das crianças do país vivem em situação de pobreza. É nos primeiros seis anos de vida que a maior parte do desenvolvimento cerebral ocorre. É urgente atender esses cidadãos em uma fase tão crucial para seu futuro”, alerta o deputado Felipe Rigoni. Para ele, garantir a constitucionalização do Bolsa Família é evitar que uma política de Estado tão importante contamine o debate eleitoral a cada quatro anos.

 

No pilar de garantia de renda, além de atualizar e fortalecer o Programa Bolsa-Família está sendo proposta a criação de um Benefício para a Primeira Infância.


O segundo pilar busca aprimorar a inclusão produtiva de egressos dos programas sociais, especialmente jovens. Após ingressar no mercado de trabalho formal, o trabalhador precisa de uma rede de proteção sólida que o atenda em períodos de recolocação no mercado, base do quarto pilar. Para isso, é necessário que o dinheiro do trabalhador esteja disponível para ele.

 

O quarto pilar trata de uma das dimensões de pobreza mais críticas no Brasil: o abastecimento de água e a coleta e o tratamento de esgoto.

 

Por fim, o quinto pilar propõe a atualização do nosso sistema de assistência social, de maneira a incentivar a cooperação intersetorial e garantir recursos financeiros para períodos de crise. Assim, os gestores públicos poderão equilibrar a responsabilidade fiscal com a responsabilidade social.

 

Fonte: Câmara dos Deputados

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