Por Neudson Corrêa
“O porto da empresa Socorro Carvalho, no bairro Djard Vieira, não consegue atender as embarcações que chegam ao município de Parintins”. Esta é a declaração de um cidadão que, ao presenciar a dificuldade que os comandantes têm para atracar as embarcações, devido a falta de estrutura, resolveu cobrar uma ação urgente da Prefeitura de Parintins.
O autônomo solicita o funcionamento do terminal hidroviário do município que, desde o dia 15 de novembro está com as operações de embarque e desembarque de cargas e passageiros suspensas devido ao rompimento de dois elos da corrente que sustenta a estrutura flutuante.
Por causa disso a Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos, resolveu interditar a estação hidroviária, localizada à margem direita do rio Amazonas. Problema similar já teria sido verificado outras vezes ao longo de 13 anos.
Informalmente, funcionários do terminal acreditavam, logo após o surgimento do problema, que a situação não seria difícil de ser resolvida e que a liberação acontecera na semana seguinte.
Com a interdição do cais do porto do município, a empresa Socorro Carvalho passou a oferecer os mesmos serviços, com algumas limitações, a exemplo do que fez em 2011 e 2017 quando a população também ficou sem o terminal de passageiros. Na época, o local que está sob a Administração das Hidrovias da Amazonas Ocidental (Ahimoc) foi interditado pelas mesmas circunstâncias.
Porém, sem estrutura adequada para atender a grande demanda, formada por profissionais autônomos entre eles: tricicleiros, moto-taxistas, taxistas, veículos de frete como as camionetes e caminhões, a população cobra providências da Ahimoc, órgão vinculado ao Ministério dos Transportes.
O cidadão, que terá sua identidade preservada, disse que ao presenciar a chegada de três embarcações, ao mesmo tempo, uma vinda do Estado do Pará e duas de Manaus, os comandantes tiveram que esperar desafogar a movimentação na balsa para atracarem.
Outra reclamação fica por conta do preço praticado pela empresa, dona do porto improvisado. Uma embarcação em trânsito pelo município que queira atracar, o proprietário tem que desembolsar R$ 200,00. Uma diária não sai menos que R$ 100,00. Mas os valores variam de acordo com o tamanho do veículo. Para que um motociclista adentre a área da empresa com o seu veículo ele paga R$ 2,00. Triciclista paga R$ 5,00; taxista R$ 3,00; veículos de frete R$ 5,00; veículo particular R$ 5,00; camionete R$ 10 e caminhão R$ 20,00.
Com o porto interditado, todos sentem o impacto. Um vendedor de passagens afirma que a classe registrou um ligeiro prejuízo, tudo porque a movimentação passou a ser com maior frequência na nova área. O autônomo, que mantém uma tenda para venda de passagens na rua Ruy Barbosa, avalia que o susto já passou e que a população voltou a comprar os bilhetes para viajar, principalmente para as férias de fim de ano.
“No começo tivemos, sim, prejuízo. Mas agora os compradores voltaram a nos procurar aqui nas tendas. As pessoas estão acostumadas conosco e preferem vir aqui”, comenta o vendedor sem querer citar seu nome.
No terminal hidroviário, os funcionários não quiseram comentar sobre o assunto e disseram que as informações são repassadas somente pelo escritório da Ahimoc, em Manaus.
O titular da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp), Mateus Assayag, afirmou que a Prefeitura de Parintins já enviou relatório ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte e Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental (DNIT/AHIMOC) informando sobre a situação em que se encontra o porto local.
Mas ressaltou que o porto é uma área de responsabilidade direta do governo federal, mas que a Prefeitura ofereceu apoio logístico para as equipes dos órgãos federais realizarem as inspeções. “De forma paliativa para melhorar o fluxo e a vida das pessoas, tem a balsa alternativa”, destacou Mateus.
Mais sobre o assunto
Logo após a inauguração do logradouro público, em 2006, observou-se que o piso do terminal hidroviário teria ficado baixo demais e que poderia ser alagado com uma grande enchente na região, o que de fato aconteceu em 2009 com a maior cheia já registrada no estado do Amazonas.
Em 2011 as instalações prediais passaram por adequações. O edifício teve parte da laje do segundo piso retirada, assim como a elevação da pista do estacionamento de veículos. Foram mais de seis meses de obras, obrigando a população utilizar as balsas do empresário Chiquinho Vasconcelos, atracadas na rampa do mercando central.
No início de abril de 2013 o porto de Parintins foi parcialmente interditado pela Defesa Civil do Estado e Capitania dos Portos por apresentar risco de desabamento em seu cais flutuante.
A estrutura de ferro da ponte apresentava fissuras, que comprometiam a operação de cargas e de passageiros. Grande quantidade de lixo orgânico (toras de madeira e capim) ficava represada na estrutura metálica, o que agravava ainda mais a situação. O problema foi contornado com a elevação da ponte em cerca de dois metros e, desde então, não houve mais acúmulo de entulho nas treliças que foram construídas rente ao rio e de forma invertida.