Dezessete meses depois do anúncio de quase R$ 8 milhões investimentos para as orlas fluviais de Parintins às margens do rio Amazonas, nenhum dos dois projetos saiu do papel. Após assinatura da ordem de serviço em outubro de 2013, uma das construtoras vencedoras da licitação, a Metacon, ao tentar executar, detectou falha na planta da orla de frente a igreja Sagrado Coração de Jesus.
O projeto compreende 350 metros, trecho I, orçado em R$ 3,9 milhões, é assinado pela Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra). “A obra nem começou porque teve um desajuste no projeto. Quando fomos alocar a saia do aterro, o ponto mais longe entrava mais cinco metros dentro do rio. Então, houve um erro inicial de projeto”, declara o engenheiro Elpídio Gomes, responsável pela Metacon.
Ao observar o problema, a empresa se retirou do local e comunicou à Seinfra. Financiada pelo Ministério da Integração Nacional, a obra não foi adiante. “Fizemos um lançamento lá na Praça da Liberdade. Naquele momento, o Estado dizia que o ministério iria depositar o dinheiro no dia 30 de dezembro”, afirma.
Revisão de projeto
A construtora trabalhava com essa previsão de recurso. O erro de projeto impossibilitou o começo das obras porque a saia do talude ficava quase 10 metros dentro do rio Amazonas. “Teve de ter revisão do projeto. Em Parintins, o que começou teve de parar porque não veio o dinheiro esperado. Como 2014 era ano de eleição, aí travou mesmo. Então, por falta de recursos federais, o programa das orlas ficou parado”, esclarece o engenheiro.
A Metacon alega ter mostrado aos fiscais da Seinfra a impossibilidade da alocação da saia, conforme constava no projeto. “Aguardamos resposta quanto a revisão. Quem tem que procurar saber quando vai retomar é o poder público municipal”, ressalta. A Secretaria Municipal de Obras e Saneamento Básico (Semosb) confirmou o erro no projeto. “Na hora de alocar a orla, verificou a falha”, reitera a secretária de obras, Grace Garzon.
O problema não se restringe só a obra da orla da igreja Sagrado Coração de Jesus. O projeto da orla do Matadouro Frigorífico Municipal Osório Melo até a Marina Morena, no bairro Santa Clara, trecho II, de 450 metros, estimado em R$ 4 milhões, tem o mesmo erro de engenharia. “O projeto não deu para implantar no local. As máquinas não são submarino para trabalhar dentro do rio”, acrescenta o proprietário da Metacon.
Alterações
De acordo com a secretária da Semosb, Grace Garzon, o projeto das duas orlas está em análise na Seinfra para correção e as empresas contratadas serão informadas para executar. O valor das obras pode sofrer alterações. “Não adianta ter projeto correto, se o ministério não mandar o dinheiro. Com eleição e transição de governo, não rolou liberação de dinheiro. Vamos supor que enviem o dinheiro amanhã, não podemos começar por causa da cheia”, adverte Elpídio Gomes.
Com impossibilidade de trabalhar por questão da natureza, o engenheiro destaca ser preciso aproveitar o tempo até a vazante em julho para se viabilizar politicamente a liberação dos recursos no Ministério da Integração Nacional. “Temos cinco meses para isso porque esse dinheiro passou de um ano para outro. Não depende de orçamento e já estava direcionado. Tem de se exigir que se bote em caixa para começarmos as obras em agosto”, pontua.
Apesar de rip-rap feito no barranco do acesso ao Matadouro Frigorífico Municipal Osório Melo para conter a erosão do rio Amazonas, a área apresenta riscos de desaparecer do mapa. Os sacos de cimentos compactados sofrem com a ação do tempo e pela força das águas. A obra seria executada pela empresa Tercon Terraplanagem Ltda., com apoio da Metacon. Com a demora da obra, a construtora responsável teria feito distrato com a Seinfra.
Gerlean Brasil especial para o Repórter Parintins