Notícia do dia 11/01/2015
Ano novo é sempre tempo de renovação. Falamos de renovação espiritual, renovamos nossas esperanças na crença de que um mundo melhor é possível, almejamos a paz e a fraternidade. Então, porque não renovar também nossas expectativas no campo da política? É bem verdade que hoje em dia existe uma certa descrença e apatia, em se tratando deste assunto, o que é algo perfeitamente compreensível, afinal, a forma como a política vem sendo conduzida e articulada se não justifica pelo menos explica um tal estado de espírito.
Os próprios políticos também estão pensando em renovação. Renovaram sua conta bancária: o aumento salarial do poder executivo e legislativo no Congresso Nacional chega a ser superior a 100%, enquanto que o aumento do salário mínimo não passa de 10%. Então, porque acreditar em renovação, se o jogo de interesses da classe política é sempre o jogo de interesses dos políticos?
É preciso, pelo menos, renovar nossas idéias e crenças, pois se admitirmos que o homem é um “animal político”, que vive e se realiza dentro da sociedade e cuja existência só pode ser pensada na sociedade então, como renovar nossas esperanças de que um mundo melhor é possível sem incluir aí a questão política e social uma vez que dela depende, em grande parte, a realização da existência humana? Se continuarmos fazendo a opção de nos ausentarmos do debate político e das questões de interesse social estaremos facilitando o acesso de gente desqualificada que não se aproxima dos negócios públicos com boas intenções e visam quase que exclusivamente seus próprios interesses.
Quando viajamos de barco, ao longo deste imenso Rio Amazonas, esperamos que o condutor da embarcação seja alguém experimentado e que conheça os meandros deste caudaloso rio. Por que entregar a direção da sociedade a qualquer tipo de condutor, desqualificado e incompetente? Por que entregar a direção e administração de uma sociedade de forma irrefletida, indolente e negligente?
Renovar nossas crenças e idéias no campo da política significa adquirir uma maior consciência dos complexos mecanismos que estão por trás deste jogo. Significa acompanhar as atividades exercidas pelos poderes executivo e legislativo, pois, só assim, poderemos exercer com maior segurança nosso papel de cidadão e “animal político”. E acima de tudo, entender que nós fazemos parte deste jogo, somos seus atores e que o poder de mudança e renovação pode estar em nossas mãos.
Alexsandro Medeiros - Professor de Filosofia da Ufam em Parintins
