Parintinenses aguardam habeas corpus no Pará

Parintinenses aguardam habeas corpus no Pará Notícia do dia 16/02/2015

A Promotoria de Justiça da Comarca de Juruti deu parecer favorável para o cabo da Polícia Militar, Vicente Rodrigues de Oliveira, e o autônomo Yasken de Azevedo Rocha, responderem processo em liberdade. Eles foram indicados pelos crimes de estelionato e corrupção ativa. Ambos estão presos preventivamente desde o dia 29 de janeiro e aguardam apenas decisão do juiz de Juruti em relação ao pedido de habeas corpus.

 

O cabo se encontra recluso no 3º Batalhão da PM em Santarém, enquanto Yasken Rocha em sela comum em delegacia. O advogado Ronaldo Macedo encaminhou informações sobre o policial militar à Justiça do Pará, com histórico familiar e trabalho estável há mais de 10 anos. Com a resposta do juiz, Vicente Oliveira poderá se defender das acusações e provar inocência. O REPÓRTER PARINTINS teve acesso com exclusividade ao inquérito do caso.

 

Inquérito policial

Em depoimento, a vítima de estelionato, o motorista Edinaldo Lima de Souza, morador da Vila Tabatinga, zona rural de Juruti, declarou que por volta das 0h30 da madrugada do dia 29 dois indivíduos bateram na porta de sua casa e se identificaram como oficiais de justiça, com mandado de busca e apreensão de sua caminhonete Chevrolet S10, cor branca ano 2012/2013. Segundo ele, os supostos oficiais de justiça trajavam coletes da Polícia Civil e se negaram mostrar documento.

 

Conforme a vítima, os sujeitos ficaram alterados e lhe deram pressão psicológica até entregar as chaves do veículo. Edinaldo de Souza ficou nervoso com a intimidação e não atentou para o conteúdo do papel apresentado pelos indivíduos, que se tratava apenas de uma consulta do carro no Inforseg. Depois de se acalmar, a vítima ligou para o irmão, Eliel Lima de Souza, e relatou todo o fato. Logo, suspeitou-se da possibilidade de golpe.

 

O irmão saiu de madrugada para verificar nos postos de gasolina se havia algum carro parado para abastecer, com dois homens, e não teve nenhuma informação. Ele acionou a Polícia Militar de Juruti para verificar a ocorrência. No depoimento, em nenhum momento a vítima, Edinaldo de Souza, cita os nomes de Vicente Oliveira e Yasken Rocha. O inquérito indica que a PM seguiu em diligência não à Vila Tabatinga, pois é usada a palavra ‘local’.

 

Informações desencontradas

Porém, pelas informações oficiais, os policiais militares encontraram Vicente Oliveira e Yasken Rocha na comunidade Galileia, na divisa do Amazonas com o Pará. Entretanto, o texto do termo de auto de prisão em flagrante sugere que os suspeitos teriam participado do golpe na Vila Tabatinga. De acordo com o relato oficial, os acusados disseram que o suposto oficial de justiça seria Sérgio, da Polícia Civil, e havia fugido.

 

O nome mencionado se refere ao servidor da Polícia Civil do Amazonas, Sérgio Said, lotado no 3º Distrito Integrado de Polícia (DIP) em Parintins há menos de um ano, que trabalha como motorista. O soldado da PM de Juruti, Edson Mota, prestou depoimento como testemunha. Ele averiguou a denúncia, ao comando do sargento da PM de Juruti, Reginaldo Ferreira, e acrescentou o nome de Frankse, que estava com Sérgio.

 

No momento da chegada da PM por volta das 5h30, os policiais constataram que a caminhonete Chevrolet S10 havia sido transportada em uma jangada em uma travessia na comunidade Galileia por Sérgio e Frankse. Vicente Oliveira e Yasken Rocha aguardavam o retorno da embarcação para atravessarem. O carro apreendido com os dois era um Fiat Pálio, pertencente a Yasken. A PM efetuou a prisão dos suspeitos com duas armas de fogo.

 

Depoimento dos suspeitos

Vicente Oliveira afirmou que viajou a Juruti, acompanhado de Yasken, Sérgio e Frankse, para fazer uma cobrança. O policial disse que quando retornavam a Parintins, em determinado ponto da estrada, Sérgio e Frankse pediram para descer, pois iriam resolver um problema. Vicente e Yasken continuaram o trajeto. Segundo Vicente, ao chegarem à beira do lado da Galileia, Sérgio e Frankse atravessavam o lago, mas os pertences ficaram no Pálio.

 

Vicente Oliveira contou que em seguida a PM de Juruti chegou e fez revista de rotina no carro, encontrando dois revolver calibre 38. Uma das armas é de Vicente Oliveira. Em depoimento, Yasken Rocha confirmou que foi a Juruti com Vicente fazer cobrança de um carro vendido semanas antes e o irmão, Frankse, ao saber da viagem, pediu carona, junto com Sérgio. Yasken ressaltou que aceitaram a companhia dos dois, sem desconfiança.

 

Ele acrescentou que a segunda arma é de Sérgio. Por outro lado, o sargento Reginaldo Pereira, em depoimento, ao contrário do testemunho da vítima, declara ter sido comunicado por Eliel, por volta das 4h da madrugada, que Edinaldo de Souza tinha sido vítima de golpe e que quatro cidadãos teriam ido até a Vila Tabatinga, se identificaram como oficiais de justiça e levaram a caminhonete Chevrolet S10.

 

O golpe aconteceu na Vila Tabatinga, mas no depoimento, o sargento sustenta que a PM seguiu em diligência imediatamente para a comunidade Galileia onde encontrou somente Vicente e Yasken, aguardando o retorno da jangada na beira do lago ao amanhecer. Sargento Ferreira ainda enfatiza que os dois faziam parte de uma quadrilha e durante a condução a Juruti os suspeitos ofereceram suborno à guarnição.

 

O irmão de Vicente, o produtor musical do Boi Garantido, Alder Oliveira, procurou o REPÓRTER PARINTINS para esclarecer o caso. O músico declarou que queria vender seu carro, um Ford Fiesta, e autorizou o irmão a fechar negócio. Vicente encontrou comprador para o veículo em Juruti, por intermédio de Yasken, e conseguiu vender o veículo do irmão. Alder destacou que o irmão viajou a Juruti para receber o dinheiro da venda de seu carro.

 

Apoio ao inquérito

A Polícia Militar encontrou a caminhonete S10 abandonada em um posto de gasolina em Parintins, após a Polícia Civil iniciar investigação para encontrar o carro. O proprietário veio a Parintins no dia 7 para recuperar o veículo e apresentou toda documentação. O delegado adjunto do DIP, Reinaldo Figueira, informou que a Polícia Civil de Parintins recebeu a documentação do caso no dia 9 e o funcionário citado na matéria prestará esclarecimentos.

 

“A competência do inquérito é de Juruti, com apoio da delegacia de Parintins. Não havia nenhum policial civil envolvido porque a pessoa suspeita pertence ao quadro administrativo da Polícia Civil. Queremos deixar bem claro que não estamos aqui para aliviar a situação de ninguém e vamos apurar de forma mais acintosa”, pondera o delegado. Paralelo ao caso, a Polícia Civil de Parintins tinha investigação em andamento de roubo de carro na região.

 

Gerlean Brasil para o Repórter Parintins

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