Artigo - O ódio, o julgamento de Lula

Artigo - O ódio, o julgamento de Lula Foto: Arquivo pessoal Notícia do dia 08/11/2019

João Baptista Herkenhoff *

 

Ódio a Lula

Que o ódio insano não se cala nem diante da morte ficou provado quando faleceu Marisa Letícia, esposa de Lula.

 

A mulher de Lula era ré em ação penal, no “caso triplex’’, por lavagem de dinheiro. A Defesa de Marisa pediu "a absolvição sumária em decorrência da extinção da punibilidade". O Ministério Público Federal concordou com o pleito da Defesa. Entretanto o juiz indeferiu o pedido afirmando:

 

"cabe, diante do óbito, somente o reconhecimento da extinção da punibilidade, sem qualquer consideração quanto à culpa ou inocência do acusado falecido em relação à imputação".

 

Ou seja, mesmo depois de morto, o morto não deve ter paz.

 

Não percebeu o julgador a razão humana que justificaria a absolvição. Preferiu optar pela frieza, que amesquinha o Direito.

 

Julgamento de Lula

Não houve imparcialidade no julgamento de Lula. Foi processo político, decisão política e não decisão jurídica.

 

Getúlio e Lula

Getúlio Vargas e Lula são, a meu ver, os dois maiores estadistas do Brasil, nos séculos XX e XXI. Getúlio suicidou, Lula está preso. Motivos semelhantes levaram Vargas ao suicídio e  Luis Inácio ao cárcere.

 

Não obstante a distância, no tempo, entre essas duas personalidades, há muito em comum entre ambas.

 

Getúlio e Lula defenderam as riquezas nacionais contra a cobiça estrangeira. Getúlio criou as bases do Direito do Trabalho, Lula fez avanços na legislação operária.

 

Lula e a cultura

Lula não é culto, no sentido mais comum do que é isto de ser culto.

 

Lula comete erros de linguagem ao falar, erros que os adversários não perdoam porque para muitos conhecer Camões, Rui Barbosa e os grandes escritores é mais importante do que perceber a alma popular, sofrer com o povo e alegrar-se com o povo. 

 

Lula não é culto mas apoiou a cultura. Poucos presidentes fizeram pela cultura e pela educação o que Lula fez.

 

Milhares de escolas foram edificadas em todo o território nacional, nos governos de Lula.

 

Centenas de bibliotecas, localizadas em pequenas cidades, receberam doação de livros.

 

Lula fez jus ao vaticínio de Castro Alves:

 

“Oh, Bendito o que semeia

 

Livros, livros à mão cheia

 

E manda o povo pensar!

 

O livro, caindo n”alma

 

É germe – que faz a palma,

 

É chuva – que faz o mar!

 

Lula semeou livros. Lula tudo fez para que a população brasileira tivesse mais cultura do que ele.

 

Lula, de metalúrgico foi a Presidente. Isto não é apenas uma glória para ele. Isso é uma glória para o Brasil. Bendito é o país que escolhe, pelo voto direto e secreto, um operário para a mais alta função da República.

 

Lula, Nobel da Paz.

O nome do ex-presidente Lula foi cotado para receber o Prêmio Nobel da Paz.

 

A candidatura de Lula foi proposta pelo argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do prêmio em 1980.

 

Recebeu apoio de figuras do cenário nacional (Luiz Carlos Bresser Pereira, Ministro nos governos de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso) e  internacional (Central Sindical da Tunísia, ganhadora do Prêmio em 2015).

 

O primeiro brasileiro cogitado para a premiação foi o Arcebispo Dom Hélder Câmara.

 

A ditadura brasileira estava, nessa época, em plena vigência. Só a História dirá porque Dom Hélder não foi indicado.

 

Lula foi o segundo brasileiro a ter o nome colocado em pauta.

 

Um abaixo-assinatura, com 500 mil assinaturas, subscreveu o nome de Lula para ganhar o maior Prêmio da Paz concedido no orbe terráqueo.

 

A lembrança do nome de Lula para essa glória insigne é honra ele e para o Brasil.

 

Juiz de Direito aposentado (ES) e escritor

 

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