Governo Bolsonaro tem plano mirabolante para ocupação da Amazônia

Governo Bolsonaro tem plano mirabolante para ocupação da Amazônia Foto: Neudson Corrêa/Repórter Parintins Notícia do dia 20/09/2019

Enquanto as panelas batiam pela primeira vez em 2019, Jair Bolsonaro falava ao vivo na televisão: "a proteção da floresta é nosso dever". Mas plano que seu governo elaborou para a região mostra que a prioridade é outra: explorar riquezas, extrair minério, facilitar a intervenção de mega corporações, fazer grandes obras, ocupar terrenos cultiváveis e atrair novos habitantes. É o projeto mais ousado desde a ditadura militar – e a palavra "preservação" não parece fazer parte do seu escopo. 

 

O projeto, chamado Barão de Rio Branco, existe desde fevereiro e vem sendo apresentado pelo governo em reuniões fechadas para autoridades e empresários. O Intercept Brasil obteve de uma fonte anônima documentos inéditos e a gravação de uma dessas reuniões e revela com exclusividade o plano de Bolsonaro para a exploração da Amazônia. Por trás dele, há ideias mirabolantes – como o temor de uma suposta invasão de chineses pela fronteira do Suriname e a ideia de que a região deve representar metade do PIB nacional.  

 

Na visão da gestão Bolsonaro, a população tradicional — indígenas e quilombolas — são um empecilho à presença do estado no local. Segundo o projeto, a “situação econômica do Brasil”, aliada aos paradigmas do “indigenismo”, “quilombolismo” e “ambientalismo” eram entraves do passado. 

 

O material ao qual o Intercept teve acesso ajuda a compreender o que embasa essas ideias: o temor dos militares de que o Brasil perca o controle da Amazônia – seja por ações indiretas que visam enfraquecer o estado no local ou por invasões territoriais.

 

Em um áudio gravado durante uma reunião em abril, o Secretário Especial de Assuntos Estratégicos, General Santa Rosa, detalha sua preocupação com a soberania na região. Diz ele: “Na fronteira oeste da Sibéria tem mais chinês hoje do que cossaco. A Rússia está acordando para um problema de segurança nacional muito sério. Nós temos que acordar aqui antes que o problema ocorra”.

 

A Amazônia protagonizou a maior crise internacional no governo Bolsonaro até agora. Por causa do desmatamento recorde e das queimadas de grandes proporções, autoridades estrangeiras têm mostrado preocupação sobre a eficiência do Brasil em cuidar da maior floresta tropical do mundo. 

 

Não resta dúvidas de que, mais do que nunca, a floresta está em risco. A intensificação das queimadas aliada ao plano do governo são sinais de uma ameaça feroz.

 

A ocupação predatória da Amazônia parece ser uma das principais pautas de Bolsonaro. O Intercept Brasil vai continuar investigando, correndo atrás de fontes e viajando pelo norte do país com o objetivo de trazer a luz cada passo dessa operação escura.

 

Texto: Tatiana Dias

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