Respeito ao idoso

Respeito ao idoso Notícia do dia 14/08/2019

João Baptista Herkenhoff*

 

O respeito ao idoso não é um fato natural, automático, espontâneo.

 

Com frequência as pessoas são valorizadas pela capacidade de produzir e consumir.

 

O idoso não “produz”, na visão que as sociedades capitalistas têm do que seja produção.

 

A única “senha” de que dispõe o idoso, para ter o status de “pessoa”, nessas sociedades, é ser “consumidor”.

 

O que fazer então para resguardar um “mínimo ético”, dentro da organização social em que estamos mergulhados?

Creio que a primeira atitude que devemos adotar é a de buscar manter um “nível de consciência” que nos permita discernir com clareza os fatos de cada dia e sobre esses fatos emitir julgamento.

Tenha o idoso, ele próprio, sentimento de autoestima e valor. 

 

A propósito desse tema, como são encorajadores os ensinamentos bíblicos:

o Gênesis indica a vida longa como um prêmio concedido por Deus;

o Eclesiástico ensina que a experiência acumulada pelo idoso deve ser guia para os jovens;

o Livro da Sabedoria sentencia que os cabelos brancos são sinal e virtude dos mais velhos.

 

Também filósofos e escritores nos ajudam a compreender o significado da Terceira Idade:

uma bela velhice é a recompensa de uma bela vida (Pitágoras);

saber envelhecer é a obra-prima da sabedoria e uma das partes mais difíceis da grande arte de viver (Amiel);

os velhos precisam de afeto, como precisam de sol (Victor Hugo);

não respeitar a velhice equivale a demolir de manhã o telhado da casa em que se há de pousar de noite (Karr).

 

Algumas pessoas encaram a aposentadoria como se esta marcasse o “ponto final” nas atividades produtivas.

 

Quando reagimos dessa forma, fazemos coro à visão capitalista do que seja produzir.

No caso dos magistrados, o assunto é tão sério que atinge a dimensão existencial.

 

Mas o fato não ocorre apenas com juízes.

 

Advogados, professores, médicos, comerciantes, bancários, jornalistas, funcionários públicos graduados ou modestos, profissionais em geral experimentam a contraditória angústia da aposentadoria.

 

Conselhos e sugestões de psicólogos e médicos tentam propor estratégias para que o "rito de passagem" ocorra sem traumas.

 

De minha parte a aposentadoria como juiz de Direito foi sofrida.

 

Desligava-me de um trabalho a que me dediquei com entusiasmo e vocação.

 

Continuando, entretanto, a exercer o magistério, pude suportar melhor a perda do cargo de juiz.

 

Hoje sou também um professor itinerante.

 

Nesta condição, tenho proferido palestras e organizado seminários de Cidadania, Ética e Direito.

 

O caminho que encontrei resultou do conselho de pessoas amigas. Mas não é o único possível.

 

Muitas coisas extremamente úteis e emocionalmente gratificantes podemos fazer nesta vida, independente de estar aposentado ou não.

 

Cada pessoa procurará a rota da felicidade, de acordo com as circunstâncias.

 

*Juiz de Direito aposentado (ES), palestrante e escritor.

E-mail: [email protected]

Homepage: www.palestrantededireito.com.br

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