São os conhecidos “brincantes” que integram diversos grupos de garotos na faixa-etária de 10 a 15 anos, os quais nos dias de segunda, quarta e sexta-feira se reúnem no Circuito Escorpião na parte da noite para protagonizar os mais diversos equilíbrios em cima de bicicletas adaptadas.
O movimento inclui fazer piruetas, giros e manobras radicais em cima de bicicletas com apenas uma roda. As magrelas como são conhecidas as bicicletas recebem adaptações na garupa para garantir resistência ao biciclista no momento de empinar o veículo e percorrer por mais de trinta metros com apenas uma roda.
Segundo eles, adaptar uma garupa não sai por menor de R$ 70,00 sem contar outros custos com manutenção e substituição de peças.
São garotos de famílias de baixa renda moradores dos quatro cantos da cidade que apenas buscam uma forma de lazer e diversão mostrando equilíbrio em cima das bicicletas.
Alguns deles para parecerem mais radicais e ousados chegam até tirar a roda dianteira da bicicleta para manter melhor o equilíbrio e garantir uma boa performance.
Para a garotada, empinar e percorrer por um longo percurso com a bicicleta equilibrada apenas por uma roda é pura diversão e adrenalina, mas para quem assiste o divertimento dos garotos pode ser considerado de risco porque eles não usam qualquer tipo de proteção, principalmente para proteger a cabeça em caso de quedas.
O adolescente Rafael Souza, 12, garante que empinar bicicleta é uma arte de rua e não apresenta risco. “É arte mesmo, não tem risco, há não ser de alguém boiar na frente igual um maluco”, brincou.
Questionado o porquê de alguns integrantes do movimento tirarem a roda dianteira das bicicletas, o adolescente Fabricio Tavares explica que não há necessidade para tal.
“Quem faz isso está desafiando a ventinha (cara) e correr o risco de se acidentar”, comentou.
Em meio aos risos, comentários e explicações sobre o movimento, os brincantes (biciclistas) também lembram ao poder público da necessidade de promover um torneio só para eles e assegurar um espaço para treinos e competições de bicicletas.
“A gente gostaria de ter um espaço só nosso, mas o prefeito é mão de vaca e não faz nada pra gente.”, cobrou.
Para incrementar ainda mais a garotada, alguns membros dos grupos utilizam as famosas caixinhas de som com músicas de Funk e Rap. Estes, são conhecidos como blindados. Segundo eles, a música ajuda a equilibrar o movimento em cima das bicicletas.
Os garotos do grupo “Família do Grau” garantem que tem brincantes que conseguem dar uma volta no Circuito Escorpião empinando a bicicleta com uma roda só.
Quanto ao tempo que eles precisam permanecer empinando as bicicletas, os “brincantes” garantem que quem determina é a condição física.
“Não temos limite para ficar em cima da bicicleta. Aguentamos até a perna e os braços cansarem. As pedaladas determinam o pique da brincadeira”, explica o adolescente Gilberson Costa.
Alguns dos adolescentes para sentirem segurança e equilíbrio das bicicletas numa roda só promovem as manobras nas vias públicas em meio a pedestres, carros e motocicletas.
Questionados sobre os riscos ou causarem acidentes, eles asseguram que não há perigo, garantido também que os pais sabem aonde estão, apenas os alertam para terem cuidado, não caírem e se machucarem.
Fernando Cardoso | Repórter Parintins