Urna funerária indígena encontrada em Parintins tem mais de mil anos, dizem pesquisadores

Urna funerária indígena encontrada em Parintins tem mais de mil anos, dizem pesquisadores Foto: Dilvulgação Notícia do dia 06/08/2018

A urna funerária indígena produzida em cerâmica encontrada por um grupo de moradores da comunidade Santa Rita, na região da Valéria, em Parintins, pode ter mais de mil anos. O fragmento arqueológico achado na semana passada tinha em seu interior ossada humana provavelmente de antepassado indígena que residiram na região.

 

De acordo com a professora de História da UEA Parintins e uma das integrants do grupo responsável pelo material, Clarice Bianchezzi, esse tipo de caixão em cerâmica era usado para o sepultamento dos entes falecidos de antepassado indígena. Clarice Bianchezzi explica que o achado arqueológico apresenta características nunca estudadas nos materiais didáticos.

 

“É de antes do contato com os europeus, antes da chegada dos portugueses na Amazônia, é um período que antecede tudo que até então, vamos dizer assim, o que agente estudou nos livros didáticos”, afirmou a pesquisadora.

 

Segundo nota publicada pelo grupo de pesquisadores da UEA, trata-se de um vasilhame cerâmico capaz de abrigar uma pessoa adulta em posição fetal, contudo conforme observamos o achado, o crânio foi colocado abaixo e as demais partes acima, sendo que hoje observa-se os ossos sobrepostos ao crânio, um dos modos que muitos indígenas no passado sepultavam seus mortos.

 

Os professores confirmaram na nota, que o material encontrado é patrimônio de elevado valor para estudos sobre a história da ocupação humana da região de Parintins, do Amazonas, do Brasil e da América do Sul.

 

“Estamos tomando as medidas necessárias para que este material possa ser estudado por arqueólogo e bioarqueólogo, em parceria com o Museu Amazônico – MUSA (Manaus) e com o Grupo de Pesquisas em Educação, Patrimônio, Arqueometria e Ambiente na Amazônia – GEPIA, do Centro de Estudos Superiores de Parintins da Universidade do Estado Amazonas – CESP-UEA, que agrega professores de diferentes áreas de conhecimento e que vem desenvolvendo diversos estudos sobre arqueologia e afins na região de Parintins”, diz a nota.

 

Os pesquisadores informaram que estudos têm apontado a existência de mais 30 sítios arqueológicos dentro dos limites do munícipio, sem mencionar os já identificados nos municípios vizinhos, o que demonstra a urgência de políticas públicas, tanto municipais e estaduais de valorização do patrimônio arqueológico de Parintins para melhor compreensão da história local.

 

A urna funerária, prossegue a nota, que virou notícia esta semana demonstra, assim como outros materiais cerâmicos que quase todos os dias são encontrados por moradores, a urgente necessidade de investir em pesquisas científicas e na construção de um local que possa receber, tratar e expor esse rico patrimônio arqueológico presente nos inúmeros sítios, tais como Valéria, Macurany, Parananema, Laje (na comunidade de Santa Maria da Vila Amazônia), Miriti e tantos outros que já foram identificados nestas pesquisas que vem sendo desenvolvidas pelo grupo de pesquisa GEPIA.

 

“A recomendação que deixamos a sociedade parintinense é que ao localizar materiais arqueológicos (cerâmica, ossos, moedas, etc) que os moradores não retirem o mesmo do solo, pois o solo mantém o material protegido e em condições para futuras pesquisas. Que ao localizar estes materiais nos procurem na UEA/CESP ou comunique ao Instituto de Patrimônio Histórico Nacional – IPHAN, em Manaus, para um arqueólogo possa retirar o material do solo de forma segura evitando que o mesmo quebre ou esfarele”.

 

Marcondes Maciel | Repórter Parintins

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