Mulheres indígenas declaram guerra contra Paula Cristina do DSEI-Parintins

Lideranças pedem exoneração da coordenadora do DSEI Parintins, pivô dos problemas

Mulheres indígenas declaram guerra contra Paula Cristina do DSEI-Parintins Foto: Divulgação Notícia do dia 04/07/2016

O descontentamento com a má gestão da coordenadora do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/PIN), Paula Cristina Rodrigues, tem causado revolta entre os grupos indígenas do Baixo Amazonas. O mais recente caso de confronto entre os indígenas e a coordenadora resultou em ação truculenta da Polícia Militar e até a prisão de quadro mulheres da etnia sateré-mawé.

 

Entre as principais reclamações estão falta de medicamentos, atendimentos médicos, exames laboratoriais, morte de indígenas, casos de HIV nas aldeias, alimentos para operados a base de peixe liso, almôndegas, feijão com gorgulho, fossa da CASAI transbordando, a não conclusão dos prédios dos polos base e falta de transportes para as aldeias.

 

O episódio que resultou na prisão de quatro mulheres sateré-mawé chamou a atenção pela ação violenta com que os militares agiram. Tudo porque as indígenas Marta Ariá, Moi Sateré, Milca Wnain, Nira Mahú, Jeci Weitahi e Adriane Batista procuraram a sede do DSEI, na manhã de quarta-feira, 29 de junho, para pedir o afastamento da coordenadora Paula Cristina Rodrigues.

 

Um clima de tensão se instalou no local. Os vigilantes e os servidores fecharam as portas do prédio para evitar a invasão. Uma guarnição da PM foi acionada para manter a segurança da coordenadora e servidores. Os policiais buscaram diálogo com o grupo, mas o clima ficou tenso. A coordenadora Paula Cristina resolveu ouvir o grupo de mulheres sateré-mawé, porém o clima esquentou na sala da coordenação, resultando na prisão das mulheres.

 

Diante da gravidade pelo fato das mulheres indígenas serem recolhidas ao xadrez do 3º DIP, o Conselho Geral das Tribos sateré-mawé, o Conselho Geral do Povo Hexkaryana e a Federação das Organizações e Lideranças Tradicionais dos Povos Indígenas do Baixo Amazonas (Akang), publicaram nota de repúdio. Na nota consta que as organizações repudiam veementemente os atos violentos, de puro excesso e abuso cometido por policiais militares nas dependências da sede do DSEI Parintins. “A federação indígena afirma que está tomando todas as providências necessárias para denunciar ao MPF, Secretaria de Segurança Pública, responsabilizado inclusive o Estado para pedir punição e indenização pelo ocorrido contras as mulheres sateré-mawé. Além disso, aguardam a publicação da exoneração da coordenadora do DSEI Parintins, pivô dos problemas”, diz a nota.

 

De acordo com Marta Ariá  as mulheres da tribo sateré-mawé assumem o papel de líderes de seu povo e, portanto, merecem respeito. “Eu tenho compromisso de lutar por melhoria da saúde de nosso povo”, disse. Para Moi Sateré, a coordenadora do DSEI agiu de forma a cooptar algumas lideranças indígenas para defender sua gestão. “Eu sei que vem recurso para que nossos irmãos sejam atendidos com dignidade. Por isso vamos cobrar o Ministério Público para que veja a situação do Baixo Amazonas, como a saúde é tratada”, disse.

 

Moi Sateré assegurou, entre outros exemplos, que veio R$ 10 milhões para construir novos postos nas aldeias e esse dinheiro não se sabe o que foi feito. “Nós, guerreiras vamos até o final e não vamos desistir enquanto você (Paula Cristina) não pedir pra sair do nosso distrito. Você é a causadora de nossas dores, do confronto que vai ter. Nós, como mulheres, somos lideranças”, pontuou.

 

As organizações indígenas informaram que vão pedir a presença de representantes do Ministério Público Federal (MPF) para verificar in loco os problemas causados pela má gestão da servidora Paula Cristina Rodrigues.

 

Marcondes Maciel-Repórter Parintins

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