Caso Belota: Jimmy Robert é considerado culpado e pega 100 anos

Notícia do dia 22/11/2013 Os  réus Jimmy Robert de Queiroz Brito, Rodrigo de Moraes Alves e Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães foram considerados culpados pelos crimes de homicídio qualificado e furto qualificado contra Gabriela Belota, 26, Maria Gracilene Belota, 59, e Roberval Roberto Brito, 63, em triplo homicídio praticado em janeiro conhecido como `Caso Belota`. 

Jimmy Robert, respectivamente primo, sobrinho e filho das vítimas, foi condenado, no total, a 100 anos de reclusão. Ele pegou 30 anos pelas mortes de Gabriela e Maria Gracilene, e 36 anos pela morte do pai dele, Roberval. Além disso, ele foi condenado a mais quatro anos por furto qualificado. 

Já Rodrigo foi condenado, também, por estupro contra Gabriela Belota, e por maus-tratos contra o cachorro Rick, morto por ele, totalizando 94 anos e oito meses de cadeia. Pelo estupro, ele recebeu pena de 10 anos de reclusão. Por maus-tratos, ele foi apenado em 8 meses de reclusão. Já pelos homicídios contra Gabriela e Gracilene, ele foi condenado a 29 anos de prisão. Já pela morte de Roberval, ele recebeu pena de 24 anos. Todos os crimes cometidos por Rodrigo tiveram as penas atenuadas, por conta dele ter menos de 21 anos quando praticou os crimes.

Já Ruan Pablo foi condenado a 90 anos de prisão no total. Ele recebeu pena de 29 anos por cada um dos homicídios cometidos, e mais três anos de reclusão por conta do furto qualificado. 

Apesar das penas, a legislação brasileira só permite que os condenados passem, no máximo, trinta anos reclusos, podendo ganhar liberdade após este período. 

A juíza responsável pelo caso, Mirza Telma, negou, ainda, o direito dos presos de recorrerem das penas em liberdade.  

Durante a leitura da sentença, a juíza afirmou que o crime cometido por Jimmy Robert "ultrapassa os limites da normalidade", tendo em vista a frieza dos atos cometidos e pelo fato de terem sido praticados contra a própria família. Já sobre Rodrigo, a juíza também enfatizou a frieza com a qual ele narra os atos criminosos. "Ele narra como se falasse de um filme que havia acabado de assistir", ressaltou ela. 

Familiares abraçam réus; Jimmy fica sozinho

Ao final do julgamento, Rodrigo e Ruan Pablo puderam ter alguns minutos com seus familiares que acompanhavam a sessão. Rodrigo, que se manteve firme durante todo o júri, chorou abraçado aos familiares. Ruan também foi acolhido pelos parentes, mas chegou a chorar.

Já Jimmy Robert não tinha nenhum familiar presente, e foi conduzido pela polícia para o presídio. 

Saiba como foi o julgamento

O julgamento teve quase 20 horas de duração. A juíza Mirza Telma iniciou os trabalhos do Caso Belota por volta das 9h30 e, em seguida, os advogados de defesa de Jimmy Robert abandonaram o caso sob a alegação que não conseguiram reunir reservadamente com o publicitário. O júri chegou a ser suspenso por duas horas.

A juíza chamou o defensor Antonio Aderval de Lima, advogado de Ruan Pablo (também réu do caso), que aceitou fazer a defesa de Jimmy e pediu duas horas para conversar com o novo cliente. 

Jimmy se recusou a aceitar o defensor e pediu ?um advogado de sua confiança?, mas Mirza Telma determinou que o advogado particular Mário Jorge Reis Vitor, que estava no tribunal como assistente do Dr. Mozarth, representante de Rodrigo Alves, defendesse o réu.

O julgamento, de fato, começou pouco antes das 11h. Após os depoimentos das testemunhas, Rodrigo Alves foi o primeiro acusado a ser ouvido. Ele afirmou que matou Gabriela Belota, Maria Gracilene Belota e Roberval Roberto Brito sob efeito de drogas, mas negou ter estuprado a estudante, crime pelo qual ele também foi denunciado. "Se pudesse, deletaria Jimmy da minha vida", disse Rodrigo ao se declarar arrependido.

Apesar de negar ser namorado de Jimmy, Rodrigo falou que teve relações sexuais com Jimmy diversas vezes e que fazia isso em troca de presentes.

Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães deu detalhes sobre o triplo homicídio. Ele contou que ouviu falar sobre o crime durante o Natal, quando Jimmy disse que queria matar o pai porque ele havia desprezado a mãe quando ela estava doente. 

Ruan confirmou que Gabriela foi a primeira vítima. Segundo ele, a jovem tentou resistir. "O Rodrigo lutou com a Gabriela. Corri para o quarto e puxei o revólver dizendo que só era um assalto, para ela se acalmar. A Gabriela pediu para que ninguém fizesse nada com ela", disse.

O réu também apontou Rodrigo como responsável pela morte do cachorro da família."Eu disse que não ia matar o cachorro, então o Rodrigo pendurou ele na parede. Só vi (o cachorro) quando passei no quarto da mãe dela e ele já estava pendurado. Ele se debatia e defecou", revelou.

Ruan disse ainda que cometeu o crime por dinheiro. Segundo o réu, Jimmy prometeu que ia dividir a herança entre os três (Jimmy, Rodrigo e Ruan), sem dar um valor exato. Ainda de acordo com Ruan, foi Jimmy o responsável pela aquisição de todo o material utilizado nos crimes. 

O terceiro a ser apresentado no julgamento, Jimmy Robert optou por ficar em silêncio no primeiro momento, porém, depois de algumas intervenções, ele resolveu falar e afirmou que estava arrependido do crime.

A juíza ressaltou que ele estava perdendo uma oportunidade de se defender, mas ele manteve a posição. Ela iniciou a leitura do depoimento dele na ocasião da audiência de instrução, no qual ele acusou a mulher do avô dele, Olga Matos, de ser a mandante do crime.

Sempre que questionado pelo seu advogado de defesa, Mário Jorge Reis Vitor, nomeado pela juíza, o publicitário lembrou que optou por não responder sem um advogado de confiança. Porém, questionado se estava arrependido, ele afirmou que sim. "Poderia ter evitado muitas coisas, inclusive as más companhias", afirmou. 

Questionado pelo advogado de defesa de Rodrigo, Mozarth Ribeiro Bessa Neto, o publicitário confirmou que era namorado de Rodrigo e afirmou que não prometeu valores específicos para nenhum de seus comparsas. "Não tinha como chegar e dizer o valor  da herança. O que disse é que provavelmente receberia uma herança e poderia dividir com eles", afirmou. 

Jimmy fez questão de afirmar que todas as ações eram feitas a mando de Olga e disse que se sente mais seguro preso porque ele acredita que Olga o mataria. 

Às 18h46, a sessão foi reaberta com o promotor do Ministério Público Estadual Fábio Monteiro, responsável pela acusação no julgamento do ?Caso Belota?. Ele definiu os acusados pelo crime como são pessoas frias e que não demonstraram em nenhum momento arrependimento pelo crime que confessaram ter cometido.

?Já atuei em diversos casos, mas não lembro de ter visto nenhum com tanta frieza como os desses rapazes. A atitude e a postura diante de acusações tão fortes é uma demonstração de que não estão arrependidos?, afirmou ele.  

O promotor considerou fracos os argumentos que apontam Olga Matos como mandante do crime. ?Caso tenha havido participação de outra pessoa, ninguém coagiu Jimmy a participar. Ele cometeu o crime porque quis. Ele tem perfil de psicopata, uma doença que retira do ser humano o sentimento nobre: ele não tem piedade, não tem compaixão e sabe muito bem o que faz?, destacou o promotor. 

O promotor ressaltou, ainda, que os autos mostram que todos os réus tiveram participação no crime. "Jimmy pensou em como tudo tinha que acontecer, deu o dinheiro, conseguiu os carros. O Rodrigo foi o autor dos golpes que causaram as asfixias e, consequentemente, os óbitos. E ele ainda disse que, sem a ajuda do Bruno, não teria conseguido cometer os homicídios. É óbvio que todos tiveram participação", ressaltou ele.

Ao encerrar sua argumentação, o promotor pediu que os jurados façam justiça. "Condenem da forma que o Ministério Público faria. Não trarão os familiares perdidos, mas mostrarão que a justiça dos homens é feita", ressaltou. Em seguida, ele virou para os réus e, de maneira dura, afirmou: "O lugar de vocês é na penitenciária".

O advogado nomeado pela juíza para defender Jimmy Robert, Mário Jorge Reis Vitor, começou a participação no julgamento ajoelhado, para pedir perdão à família Belota por conta dos crimes cometidos contra Gabriela, Maria Gracilene e Roberval Roberto. "Não estou aqui para defender um crime, mas para defender um homem que tem o direito de defesa?, afirmou o advogado. ?Peço que ele tenha a pena reduzida por ter confessado o crime?. 

O advogado de Rodrigo de Moraes Alves, Mozarth Ribeiro Bessa Neto, iniciou sua argumentação pedindo que a família da vítima não o odiasse. Ele relembrou ainda a ocasião em que Rodrigo fugiu do Instituto Penal Antônio Trindade, onde aguardava julgamento, e disse que aquela foi uma medida de autoproteção. 

"A imprensa divulgou que durante a rebelião, Rodrigo fugiu. É um direito do preso fugir!", afirmou ele. "Rodrigo já assumiu a autoria dos homicídios, poderia se prevalecer e trouxe a riqueza de detalhes. Pequenos desvios no julgamento podem acontecer, principalmente, pela ?cabeça cheia de pó?", ressaltou ele, pedindo que Rodrigo não seja condenado por estupro. "Se tu for condenado por isso, tu sabe que `vai pro saco` (morrer) né?", disse ele, para Rodrigo. 

Em seguida, o defensor público Antônio Ederval, responsável pela defesa de Ruan Pablo, seguiu a linha das acusações feita por Jimmy e acusou Olga Matos de ser a mandante do crime.

Ederval falou que Ruan foi levado a praticar o crime por influência dos outros. "Esse pobre menino, que só tem dois neurônios - o `tico` e o `teco` - participou do crime", disse.

Cobertura Portal D24AM:

Textos: Lívia Anselmo, Clarice Manhã, Anyelle Bezerra, Nathane Dovale, Diego Toledano e Danilo Alves

Tempo real: Chrys Braga e Camila Pereira

Imagens: Jair Araújo, Nathalie Brasil e Danilo Alves


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