Deficiente suspeito de estupro divide cela com pai de vítima

Deficiente suspeito de estupro divide cela com pai de vítima Notícia do dia 06/06/2015

Familiares, vizinhos e conhecidos estão revoltados com a prisão do deficiente auditivo, o padeiro Carlos Ribeiro Guimarães, 47, acusado de estupro contra um menino de oito anos. O suspeito foi preso na noite de quinta-feira, 4, feriado de Corpus Christi, na rua Urucurituba, bairro Palmares, e transferido da 3ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) para a Unidade Prisional de Parintins (UPP) sexta-feira, 5.

 

A mãe da criança chamou a polícia e informou que o filho tinha sido vítima de abuso sexual. Conforme denúncia, Carlos Guimarães tirou a bermuda do menino e enfiado o dedo no ânus. Uma testemunha disse que um grupo de crianças jogou pedra no deficiente quando passava pela rua. O padeiro teria apenas tirado a roupa do menino e jogado em quintal para se defender da possível brincadeira.

 

A criança passa o dia com os irmãos na casa da avó, a pensionista Iodete Azevedo Conceição, 60 anos, enquanto a mãe, Vera Lúcia, trabalha como cabelereira. Ela conta que viu o neto chorando, sem bermuda, na varanda e perguntou o que havia acontecido. O menor relatou a avó ter sido abusado pelo ‘Mudo’, como é chamado Carlos Guimarães. Dona Iodete Conceição comunicou a mãe da criança.

 

Ao ser encaminhado à unidade prisional, o acusado, que é não ouve, nem fala, corre risco de vida, devido ao pai do menor cumprir pena há mais de um ano também por crime de estupro. O suspeito pode ser vítima de espancamento no presídio, porque ambos dividem a mesma cela. Além da deficiência, Carlos Guimarães tem problemas de epilepsia e toma remédio controlado.

 

Revolta

Todos esses fatores agravantes preocupam a família e vizinhos do acusado. A dona de casa Elana Barbosa Silva tem certeza da inocência de Carlos Guimarães, morador da rua Padre Torquato, Palmares. Ela o conhece há quase 20 anos e nunca teve conhecimento de algum envolvimento com crime. “A vizinhança ficou indignada com essa injustiça. Nem ele mesmo sabe porque está no presídio”, revela.

 

O deficiente auditivo mora na residência da irmã, a doméstica Alcinéia Ribeiro Guimarães, 49 anos. Crianças tinham medo dele por ser ‘mudo’ e ‘surdo’. Segundo vizinhos, os menores, netos de Iodete Conceição, arremedavam Carlos Guimarães por ser deficiente. “Ele ficava chateado porque as mães não corrigiam seus filhos. Queremos que a justiça olhe esse caso”, clama Elana Silva.

 

Desde a prisão do irmão, a irmã não consegue dormir, nem se alimentar direito. “Ele é mudo e surdo, mas respeitava todo mundo, pois convivia com meus filhos. A mãe desse garoto vive em festa e deixa os filhos com a avó. Quando as pessoas passam por lá, ouvem palavrões. Quero ver meu irmão e saber como ele se encontra. Quem cuida do meu irmão sou eu”, frisa Dona Alcinéia Guimarães.

 

Flagrante

De acordo com o delegado Bruno Fraga, qualquer conduta libidinosa caracteriza estupro de vulnerável descrito no artigo 217 A do Código Penal Brasileiro (CPB). Questionado se só tirar a roupa configura crime, ele afirmou que não necessariamente. “É um crime muito grave e todas as circunstancias que envolvem a conduta devem ser avaliadas para que seja tipificado como estupro de vulnerável”, explica.

 

O delegado plantonista Humberto Vaquero atendeu a ocorrência durante o feriado e determinou que fosse feito exame de corpo de delito no menino, no qual se constatou crime de estupro de vulnerável. “É fundamental para tirar dúvida. Houve comprovação sim através do exame”, destacou. Diante das evidências, o delegado homologou prisão em flagrante delito de Carlos Guimarães.

 

 

 

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