Quarenta e três dias da publicação do nome da nova empresa vencedora da licitação para a construção de 17 escolas na área rural, a E.G. Norte Construção de Edifícios Ltda., ainda não iniciou o serviço de construção de grande parte dos prédios escolares em convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
A comunidade Irmãos Coragem, no Projeto de Assentamento Vila Amazônia, contemplada com um educandário no ano passado não recebeu nenhuma equipe de operários da empresa responsável em retomar a construção das escolas. Dos R$ 99.917,66, foram investidos R$ 6.661,18, porém a única sala de aula do projeto ainda não saiu do papel.
A comunidade integra um pacote de obras que foi bastante divulgado pelo próprio poder público, porém, enfrentou problemas com a empresa vencedora da licitação e fez com que os trabalhos paralisassem. À pedido da construtora, a mão de obra, contratada da própria comunidade, já efetuou a limpeza do terreno da escola e reclama a falta de pagamento.
A área está limpa, porém esquecida pelo poder público há pelo menos três semanas, data da última visita ao local. O site do Simec aponta 19 dias sem atualização nos trabalhos da escola São José. Acredita-se que o valor usado na obra tenha sido investido na compra de materiais, uma vez que no terreno da comunidade diversos materiais de construção foram deixados pela empresa. Ferro, arame, cerca de 3 mil tijolos, 4 dúzias de azimbre, 3 dúzias de ripão e caixas de grampos.
Atitude
Segundo o coordenador da comunidade, Laurentino Matos, 55, os materiais foram deixados no local da obra e os moradores resolveram guardar na antiga escola. Debaixo do assoalho, na sala de aula e madeiras empilhadas numa árvore foram os locais encontrados para tentar salvar o material que iria construir a escola. “Eles deixaram tudo lá e já estava se estragando e a gente conseguiu colocar dentro da escola e agora a escola funciona na casa do professor”, revela.
A comunidade Irmãos Coragem é formada por 21 famílias e possui 23 crianças matriculadas no educandário, que é feito de madeira e funciona de forma improvisada na casa destinada ao professor. Piso, parede e teto estão comprometidos. Ao entrar na sala para fotografar o ambiente, o repórter fotográfico Igor de Souza (equipe Repórter Parintins) tomou um susto quando a rampa de acesso ao recinto quebrou.
Os estudantes se espremem numa sala de aula de pouco mais de três metros e não há carteiras suficientes para todas as crianças. Devido o lugar ser pequeno, uns tem que ficar na sala ao lado e dividem espaço com materiais escolares e tem que sentar no chão. Essas são informações reais do precário e lamentável sistema educacional do interior de Parintins, que é compartilhado com várias outras comunidades do município.
A subsecretária de educação, Irlany Ramos, justifica a paralisação da obra devido a quebra de contrato da empresa vencedora do processo licitatório, mas afirma que uma nova empresa foi contratada e já realiza um levantamento das obras paralisadas. Segundo Irlany, os trabalhos na comunidade Irmãos Coragem serão retomados e uma nova negociação com pessoas do local para aproveitar mão de obra.
Eldiney Alcântara
Especial Para Repórter Parintins