Construção da escola municipal São José ainda não teve início

Estudantes ficam amontoados numa sala de aula de pouco mais de três metros

Construção da escola municipal  São José ainda não teve início Foto: Igor de Souza Notícia do dia 23/03/2015

Quarenta e três dias da publicação do nome da nova empresa vencedora da licitação para a construção de 17 escolas na área rural, a E.G. Norte Construção de Edifícios Ltda., ainda não iniciou o serviço de construção de grande parte dos prédios escolares em convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).


A comunidade Irmãos Coragem, no Projeto de Assentamento Vila Amazônia, contemplada com um educandário no ano passado não recebeu nenhuma equipe de operários da empresa responsável em retomar a construção das escolas. Dos R$ 99.917,66, foram investidos R$ 6.661,18, porém a única sala de aula do projeto ainda não saiu do papel.


A comunidade integra um pacote de obras que foi bastante divulgado pelo próprio poder público, porém, enfrentou problemas com a empresa vencedora da licitação e fez com que os trabalhos paralisassem. À pedido da construtora, a mão de obra, contratada da própria comunidade, já efetuou a limpeza do terreno da escola e reclama a falta de pagamento.


A área está limpa, porém esquecida pelo poder público há pelo menos três semanas, data da última visita ao local. O site do Simec aponta 19 dias sem atualização nos trabalhos da escola São José. Acredita-se que o valor usado na obra tenha sido investido na compra de materiais, uma vez que no terreno da comunidade diversos materiais de construção foram deixados pela empresa. Ferro, arame, cerca de 3 mil tijolos, 4 dúzias de azimbre, 3 dúzias de ripão e caixas de grampos.



Atitude
Segundo o coordenador da comunidade, Laurentino Matos, 55, os materiais foram deixados no local da obra e os moradores resolveram guardar na antiga escola. Debaixo do assoalho, na sala de aula e madeiras empilhadas numa árvore foram os locais encontrados para tentar salvar o material que iria construir a escola. “Eles deixaram tudo lá e já estava se estragando e a gente conseguiu colocar dentro da escola e agora a escola funciona na casa do professor”, revela.


A comunidade Irmãos Coragem é formada por 21 famílias e possui 23 crianças matriculadas no educandário, que é feito de madeira e funciona de forma improvisada na casa destinada ao professor. Piso, parede e teto estão comprometidos. Ao entrar na sala para fotografar o ambiente, o repórter fotográfico Igor de Souza (equipe Repórter Parintins) tomou um susto quando a rampa de acesso ao recinto quebrou.


Os estudantes se espremem numa sala de aula de pouco mais de três metros e não há carteiras suficientes para todas as crianças. Devido o lugar ser pequeno, uns tem que ficar na sala ao lado e dividem espaço com materiais escolares e tem que sentar no chão. Essas são informações reais do precário e lamentável sistema educacional do interior de Parintins, que é compartilhado com várias outras comunidades do município.


A subsecretária de educação, Irlany Ramos, justifica a paralisação da obra devido a quebra de contrato da empresa vencedora do processo licitatório, mas afirma que uma nova empresa foi contratada e já realiza um levantamento das obras paralisadas. Segundo Irlany, os trabalhos na comunidade Irmãos Coragem serão retomados e uma nova negociação com pessoas do local para aproveitar mão de obra.

 

Eldiney Alcântara
Especial Para Repórter Parintins

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